O primeiro-ministro, António Costa, marcou esta manhã presença na estação do metro de Arroios, na Praça do Chile, em Lisboa, onde inaugurou um busto do antigo Presidente Salvador Allende, da autoria da escultora Margarida Santos. António Costa lembrou a personalidade ímpar do político chileno e o seu contributo para robustecer a ideia de que a História nos revela que “as ditaduras têm sempre um fim e que um povo quando está unido jamais será vencido”.
São vários os exemplos de países, designadamente na América Latina, que nas décadas de cinquenta, sessenta e setenta do século XX passaram por experiências ditatoriais e pelos “falhanços das terapêuticas ditatoriais”, lembrando António Costa os casos da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Brasil. Referiu-se depois à sua recente deslocação a Santiago do Chile, a convite do Chefe de Estado, Gabriel Boric, onde participou nas cerimónias dos 50 anos do golpe que derrubou a democracia e o Presidente Salvador Allende e instalou a ditadura militar.
Na sua intervenção, António Costa realçou uma vez mais o caso do Chile, que na década de 70 do século passado “foi um dos países que experimentou a violência da chamada terapêutica ditatorial”, um fracasso que se veio a revelar “dolorosamente contagioso”, advertindo, contudo, que as democracias “não são um valor adquirido”, pelo contrário, “devem ser diariamente acalentadas, tratadas e acarinhadas para que possam sobreviver”.
António Costa voltou a qualificar o antigo Presidente chileno, Salvador Allende, como alguém que “personifica todos aqueles que no passado, no presente e também no futuro lutam pela liberdade e pela democracia com sacrifícios da sua própria vida”.
Presente nesta cerimónia esteve igualmente a embaixadora do Chile em Portugal, Marina Tetelboim, que, entre outras alusões, lembrou, a exemplo do primeiro-ministro, o carácter ímpar do político socialista Salvador Allende que, na iminência de ser morto ou capturado pelas forças militares lideradas pelo general Augusto Pinochet, preferiu “pôr termo à sua vida durante o fatídico golpe de estado de 11 de setembro de 1973”. A diplomata defendeu ainda que o “sacrifício de Salvador Allende” terá de servir de exemplo para reforçar “os valores democráticos junto das novas gerações”.
Valores universais
Antes da intervenção da embaixadora, o primeiro-ministro teve ainda oportunidade para saudar “todos os que no mundo lutam pela liberdade e pela democracia”, referindo-se aos laços históricos que unem os dois países, sendo exemplo, como salientou, o gesto do Governo chileno quando ofereceu a Portugal uma estátua do navegador Fernão de Magalhães.
Inevitável foi para António Costa fazer o paralelismo entre o grande navegador português do século XVI, Fernão de Magalhães e Salvador Allende, destacando o político chileno como um homem que “contribuiu também para a circum-navegação, não física, mas para a circum-navegação dos valores da liberdade e da democracia”.