António Costa evoca memória e legado de Soares e Arnaut
Falando durante o almoço-comício que teve lugar em Évora, o Secretário-geral do PS centrou a sua intervenção na Saúde, uma das grandes prioridades da governação socialista, frisando que, “nestes 40 anos, não é possível deixar de evocar a memória de Mário Soares e de António Arnaut, que foram o pai e a mãe do SNS”.
Considerando que o SNS foi “a maior conquista dos portugueses no pós-25 de abril”, o líder do PS afirmou também, perante os militantes e simpatizantes do partido que encheram o Monte Alentejano, na cidade de Évora, que “a maior vitória do SNS é hoje ser consensual em toda a sociedade portuguesa”.
“Foi seguramente o avanço mais importante no Estado social, na proteção e na garantia de cuidados de Saúde a todas e a todos os portugueses”, afirmou, lembrando, contudo, que “não foi assim”, há 40 anos: “Houve aqueles que estiveram contra o SNS, houve aqueles que estiveram a favor e houve, sobretudo, o PS, que fez e criou o SNS”.
António Costa sustentou, depois, que o atual Governo do PS tem sabido honrar este património histórico e político, “repondo os 1.300 milhões de euros que foram tirados ao SNS nos quatro anos anteriores”, pelo executivo PSD/CDS, mas também “aumentando a despesa em 1.600 milhões de euros” para financiar o serviço público de saúde.
Foi este investimento, assinalou, que permitiu ter hoje “mais 11 mil profissionais no SNS, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e outros profissionais”, que “600 mil portugueses” passassem a ter médico de família ou que possibilitou “repor o horário de trabalho das 35 horas”.
“Temos mais 20 mil operações do que tínhamos em 2015 e, entre centros de Saúde e hospitais, mais 700 mil consultas”, frisou António Costa, vincando, sem margem para dúvidas: “Sim, hoje há melhor Saúde do que havia em 2015”.
“Fazer ainda mais e melhor” é um compromisso que o líder socialista assegurou para a próxima legislatura, adiantando, como exemplos concretos, o alargamento do cheque dentista – que hoje já abrange as crianças acima dos seis anos – “a todas as crianças a partir dos dois anos”, e o lançamento de um “vale” para os óculos destinado a todas as crianças e jovens até aos 18 anos e para todos os idosos que sejam apoiados pelo Rendimento Social de Inserção.
António Costa referiu ainda que o Governo do PS criou, na presente legislatura, 103 novas Unidades de Saúde Familiares (USF), um modelo de gestão que vai continuar a ser alargado “em todo o país”, a par do desenvolvimento de “equipas móveis nas USF não urbanas”, para que cheguem às populações mais isoladas.
“Duplicar o ritmo de criação dos Cuidados Continuados Integrados em todo o país” e “introduzir pediatria e ginecologia nos cuidados de Saúde primários”, são outros dos compromissos assumidos pelo líder do PS e do Governo para a próxima legislatura, acrescentando também que o projeto do Hospital Central do Alentejo, há décadas no papel, é um investimento “agora irreversível”.
“Não só assegurámos os recursos como, no mês passado, foi aberto o concurso público. Agora não anda para trás. Agora, vai mesmo para a frente”, concretizou.
Escultura de homenagem a António Arnaut inaugurada em Coimbra
No dia em que se assinalaram os 40 anos do SNS, uma escultura de homenagem a António Arnaut foi também inaugurada este domingo, no Parque Verde do Mondego, em Coimbra, numa cerimónia que contou com as presenças do autarca de Coimbra, o socialista Manuel Machado, e da ministra da Saúde, Marta Temido.
Localizada junto à primeira oliveira do SNS – plantada há uma década e onde, desde então, sempre a 15 de setembro, é cumprido um ritual simbólico de rega da árvore – a escultura, da autoria do artista plástico Mário Nunes, foi entregue à Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), que a ofereceu à cidade.
Na cerimónia, Manuel Machado fez questão de recordar que a lei que criou o SNS, em 1979, “teve votos contra”, nomeadamente de alguns partidos que hoje reclamam a sua defesa, enaltecendo a “coragem” de António Arnaut, Mário Soares e Salgado Zenha em “empreender o desafio” de criação do Serviço Nacional de Saúde.
Por seu turno, o neto de António Arnault, António Miguel, salientou que o seu avô estaria “muito contente” com o “esforço” do atual Governo na aprovação da nova Lei de Bases da Saúde, notando, também, que ao contrário da árvore que simbolicamente assinala a efeméride, o Serviço Nacional de Saúde “tem de ser regado várias vezes ao dia”.