António Costa enaltece “amizade e determinação” de Carlos César

“Percebo muito bem, respeito, como camarada e amigo, a decisão que Carlos César tomou. E queria agradecer-lhe, pois lembro-me bem como nos desafiámos mutuamente para sairmos das nossas zonas de conforto. Eu, para ser Secretário-geral do PS. Ele para regressar à vida política ativa”, afirmou, reconhecendo-lhe a “determinação” como uma das suas “grandes qualidades”.

Carlos César tinha anunciado, momentos antes, que não se recandidataria ao lugar de deputado nas próximas eleições legislativas, uma decisão que explicou estar já tomada desde 2015, sendo agora tempo “de dar lugar a outros, contribuindo para um salutar princípio de renovação dos cargos políticos”.

António Costa contou depois que conhece pessoalmente Carlos César desde 1976 e que desde essa altura construíram os dois “uma bela amizade que, não só não envelheceu, como se foi fortalecendo ao longo dos anos”, referindo a sua “assertividade” e contributo para que os Açores sejam hoje “um dos grandes bastiões do PS”.

O líder socialista salientou a seguir que o PS vai continuar a contar com Carlos César como presidente do partido. “Por isso, não é uma retirada da política, ainda que seja uma retirada da Assembleia da República. Tenho a certeza de que estes quatro anos não teriam sido possíveis sem o conselho, a palavra, o aviso e a atenção do Carlos César”, considerou.

Na sua intervenção, António Costa agradeceu ainda o apoio que foi dado ao seu Governo pela bancada socialista ao longo destes quatro anos, sublinhando que a solução governativa que Portugal encontrou na legislatura que agora termina “deve-se indiscutivelmente em primeiro lugar ao PS”.

O líder socialista dirigiu também um elogio à ação de Eduardo Ferro Rodrigues como presidente da Assembleia da República, apontando que a sua eleição para o cargo foi o primeiro “grande momento” da legislatura.

Carlos César defende caminho da renovação

Ao anunciar a sua despedida do Parlamento, Carlos César evocou os seus “40 anos de empenhamento político e cívico”, que manterá, num plano distinto e “no apoio a António Costa”.

“O meu entendimento é que o PS deve prosseguir o caminho de renovação que está a fazer nos planos nacional e dos Açores, o empenhamento de novas gerações na política. Naturalmente, não me excluo das minhas responsabilidades cívicas. Fá-lo-ei como presidente do partido, que continuarei a sê-lo, mas, sobretudo, como cidadão”, referiu.

O líder parlamentar socialista deixou ainda palavras de elogio ao presidente da Assembleia da República, enaltecendo a forma como Eduardo Ferro Rodrigues exerceu o cargo e, sobretudo, pelo seu percurso político nas últimas décadas.

Ferro Rodrigues destaca legislatura como “momento importante para a democracia”

Na primeira intervenção do jantar, Ferro Rodrigues, depois de retribuir as palavras de António Costa e Carlos César, assinalou que a formação da atual maioria política de esquerda no Parlamento constituiu “um momento importante para a democracia”, porque passou a haver “uma alternativa de governação”, mas também para a própria “estabilidade política em Portugal”.

Eduardo Ferro Rodrigues elogiou também o Governo “pela sua enorme realização em matéria social”, assim como em matéria de boas contas públicas.

“Há aqui capacidade do nosso ministro [das Finanças] Mário Centeno. Um dos governos mais à esquerda da Europa é um dos que goza de maior confiança por parte dos mercados internacionais”, afirmou.