Intervindo na cerimónia oficial do Dia Mundial da Língua Portuguesa no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, no dia em que se comemoram os 25 anos da fundação da CPLP, o primeiro-ministro enalteceu a importância da língua portuguesa falada “por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes”, que representam “quase 5% do PIB global”, estimando-se que em 2050 este número “cresça para os 400 milhões de falantes” e, em 2100, para mais de 500 milhões de pessoas, como estima as Nações Unidas, destacando António Costa nestas comemorações a importância da assinatura do tratado de mobilidade entre cidadãos dos países de língua portuguesa, documento que deverá ser aprovado durante o mês de julho na cimeira de Luanda pelos chefes de Estado e de Governo.
Para o chefe do Governo, a língua portuguesa não pode ser olhada como pertença de um Estado em particular, mas sim como um bem supremo que “é de todos e de cada um de nós”, transformando-se, como acrescentou, em “cada uma das geografias onde existe um país que fala o português”, voltando a defender a “relevância global do português” que, segundo o primeiro-ministro, “oferece um contributo decisivo para a afirmação dos países de língua portuguesa no contexto regional em que se inserem”, sendo esta, como também frisou, “uma das maiores vantagens competitivas do português”, ao permitir que se possa “tirar partido das diferentes dinâmicas demográficas, sociais e geopolíticas onde está presente”.
Prémio para Pepetela
Na cerimónia que hoje comemora o Dia Mundial da Língua Portuguesa e os 25 anos da fundação da CPLP, o primeiro-ministro, em nome do Governo português, homenageou o escritor angolano Pepetela, entregando-lhe o prémio ‘Dstangola/Camões’ pelo romance ‘Sua Excelência, de Corpo Presente’, uma distinção que António Costa fez questão de estender a todos os escritores que “dão um contributo decisivo para o enriquecimento e para a renovação da língua portuguesa”. Lembrando que “só as línguas mortas é que não se renovam”, sublinhou que o português, sendo uma língua viva que “se diversifica” e falada por mais de 260 milhões de pessoas, justifica plenamente que haja o empenho de todos os seus falantes para a tornar como “mais um idioma oficial da ONU”.
O primeiro-ministro recordou ainda que este Dia Mundial da Língua Portuguesa está a ser celebrado em 44 países com mais de 150 atividades em formato misto, presencial e virtual, devido à pandemia, uma celebração instituída, como lembrou, em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, defendendo António Costa que a língua portuguesa assume um caráter absolutamente decisivo enquanto “garante da continuidade do conhecimento da cultura e da literatura entre gerações”, porque a língua, como referiu, “une e nunca separa”.
António Costa lembrou ainda que cerca de 3,7% da população mundial fala o português, que é o idioma oficial não apenas dos novos países que integram a CPLP, mas também o que é falado por parte significativa da população residente em Macau, sendo que no seu conjunto as economias destes oito países lusófonos representam “perto de 2.700 milhões de euros”, qualquer coisa que tornaria este potencial económico na “sexta maior economia do mundo”, caso se “tratasse de um país”, sendo que os países da CPLP representam 3,6% da riqueza mundial.
Património cultural e potencial económico
Nesta cerimónia interveio também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que definiu a língua portuguesa como o “arco-íris onde cabem todas as cores”, e para quem a língua portuguesa tem de ser vista como um elo “que une vários países”, defendendo depois o “reforço e a preservação do idioma com projetos concretos”, quer na área do património cultural, quer económico.
Para o ministro Augusto Santos Silva, o português é claramente e cada vez mais uma “língua pluricêntrica” por “ser de todos e a todos pertencer”, mas sem ter de obedecer, como referiu, a qualquer “hierarquia ou precedência”, um “bem da humanidade” como a classificou, destacando no contexto da sua intervenção os vários projetos ligados à preservação da língua, destacando, entre outros, o “programa de financiamento à tradução de obras de língua portuguesa para língua estrangeira” que, só no ano passado, como salientou, “apoiou 152 projetos editorais de 110 editoras em 44 países”.
Nesta sessão comemorativa do Dia Mundial da Língua Portuguesas, foi também apresentado o primeiro dicionário do português de Moçambique, dirigido pela professora Inês Machungo, da Universidade Eduardo Mondlane, um projeto, como assinalou o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, a “todos os títulos emblemático”, uma vez que se trata da “primeira obra do género criada fora de Portugal e do Brasil”.