A ajuda financeira que Portugal vai disponibilizar, no valor de 250 milhões de euros, representa, segundo António Costa, mais um relevante passo que o país dá no sentido de reforçar o apoio que tem vindo a dar à Ucrânia desde que este país foi invadido em fevereiro passado pelo exército da federação russa. Uma verba que, segundo o primeiro-ministro, será entregue de forma faseada, com 100 milhões de euros transferidos ao longo deste ano através de uma conta da Ucrânia no Fundo Monetário Internacional (FMI), ou “por outra via qualquer que a União Europeia venha a abrir para financiamento direto”, e os restantes 150 milhões de euros a serem transferidos para o Estado ucraniano “ao longo dos três anos seguintes”.
Para o primeiro-ministro, este é sem dúvida, para Portugal, um auxílio financeiro “muito volumoso”, que será dirigido especificamente, como referiu, para o financiamento do orçamento ucraniano. Ou seja, trata-se, como mencionou, de uma ajuda que vai somar a outros apoios que Portugal, entretanto, já disponibilizou à Ucrânia, a nível dos equipamentos militares, apoios humanitários, ou nas sanções à Rússia e “relativamente às aspirações europeias” daquele país.
Apoiar a reconstrução
Quanto a uma participação de Portugal no programa de reconstrução de escolas e de jardins de infância, ou para se integrar num “patrocínio que vise a reconstrução de uma zona territorial a indicar pelas autoridades ucranianas”, o primeiro-ministro deixou a garantia, durante a conferência de imprensa com o presidente Volodymyr Zelensky, com quem manteve uma reunião conjunta de mais de uma hora, da “total disponibilidade” do país para participar em qualquer destas iniciativas.
A este respeito, António Costa fez questão de lembrar ao presidente ucraniano a experiência que o Governo português tem acumulado ao longo dos últimos anos na reconstrução e na modernização do seu parque escolar, insistindo o primeiro-ministro que investir no futuro significa garantir às futuras gerações ucranianas “que têm futuro na sua terra”.
Apoio militar e adesão à UE
António Costa e Volodymyr Zelensky tiveram ainda oportunidade de falar sobre a questão da ajuda militar e do apoio à adesão da Ucrânia à União Europeia, referindo o primeiro-ministro que Portugal “vai continuar a fornecer à Ucrânia material letal e não letal”, recordando a propósito, que dias antes, tinha aterrado numa base na Polónia um avião português com material militar.
Quanto à questão da União Europeia, o chefe do Governo português deixou claro que Portugal não regateará qualquer esforço para ajudar no processo de adesão da Ucrânia, voltando a garantir que a opção europeia de Kiev “deve ser acolhida de braços abertos”, qualificando o Presidente ucraniano como um “líder que inspira o mundo”, pela sua “coragem e notável resistência perante a brutal e barbara agressão militar russa”.
O primeiro-ministro lembrou ainda que, já no próximo mês de junho, estará em Lisboa o chefe de gabinete adjunto do Presidente Volodymyr Zelensky, para trabalhar com o Governo português o programa de cooperação técnica, deixando António Costa claro que Portugal aguarda “com expetativa” o relatório da Comissão Europeia sobre o pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia.
Portugal e a Ucrânia, disse ainda António Costa, momentos após ter terminado a conferência de imprensa conjunta com o Presidente ucraniano, sendo dois países geograficamente distantes, estão, contudo, “muito próximos” também pelo contributo “muito importante”, como acentuou, que a comunidade ucraniana residente em Portugal “tem dado nas últimas décadas para o desenvolvimento de Portugal”.
Já em relação aos refugiados, deixou a garantia de que Portugal vai continuar a acolher os cidadãos ucranianos “com todo o gosto” e com a “firme determinação” de apoiar a Ucrânia a “vencer a guerra, a ganhar a paz e a criar as condições para que todos os que desejam regressar o possam fazer logo que possível”.
Nesta visita à Ucrânia, o primeiro-ministro teve ainda oportunidade, numa cerimónia que marcou o regresso a Kiev do embaixador português, António Alves Machado, para condecorar em nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um funcionário ucraniano com 25 anos de serviço na embaixada portuguesa, Andryi Putilovsky, com as insígnias da Ordem da Liberdade. Distinção que, segundo António Costa, é atribuída pelo trabalho desenvolvido no “repatriamento de cidadãos nacionais e luso-ucranianos, e até de alguns brasileiros”, nos primeiros dias de guerra.