“Ficou muito claro aqui o reforço da relação transatlântica, não só entre países europeus, o Reino Unido e os Estados Unidos, e o facto de já a seguir termos o Presidente Biden no Conselho Europeu é um excelente sinal de que é inequívoca a vontade recíproca da NATO e da UE trabalharem em conjunto”, salientou António Costa, falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, após a cimeira de líderes da Aliança.
O líder do Governo vincou que esta parceria é “muito importante do ponto de vista da defesa e militar”, mas também “na defesa a uma escala mais global, assegurando a segurança das linhas de abastecimento e contribuindo para resolver aquele que é um problema central na Europa” e que tem a ver “com a sua segurança energética”, nomeadamente no que respeita à “elevada dependência energética da Rússia”.
“Sabemos que, a médio prazo, a solução está na aposta das energias renováveis e países como Portugal podem dar um contributo extraordinário para reforçar a autonomia estratégica da Europa, mas no curto prazo implicará diversificar as fontes de investimento de gás e em que os Estados Unidos podem ser um contribuinte muito relevante”, acrescentou.
“Apoio total” à Ucrânia e defesa intransigente do território da NATO
Numa cimeira marcada pela tensão da guerra levada a cabo pela Rússia, António Costa destacou a posição de “apoio total” da Aliança Atlântica à Ucrânia.
“Nesse sentido, vamos continuar, do ponto de vista bilateral, a apoiar a Ucrânia e, enquanto aliança defensiva, vamos continuar a reforçar a nossa posição em toda a frente leste, tendo em vista assegurar essa mensagem clara de dissuasão”, adiantou.
“A NATO é uma aliança defensiva, não desencadeia a guerra, não intervém em guerra em território terceiro, e por isso não está a participar em ações militares no território da Ucrânia. Dá apoio militar, dá apoio político, dá apoio moral, dá apoio económico, não intervém militarmente. Mas é uma aliança defensiva, e tem de ficar muito claro que no território da NATO ninguém entra”, completou António Costa.
O líder do Governo português observou, também, que a ofensiva da invasão russa à Ucrânia teve como resultado duas derrotas claras para Putin: “a extraordinária capacidade de resistência dos ucranianos, que demonstraram bem a sua alma nacional e a sua vontade de proteger a independência do seu território”, e “ter dado uma nova vida à NATO”, que demonstrou estar “bem viva”, reforçando “significativamente os seus laços transatlânticos”.
Investimento em Defesa atualizado até junho
O primeiro-ministro referiu também que os países da NATO se comprometeram a atualizar os seus planos de investimentos em Defesa até à cimeira de junho.
Neste domínio, apontou, “Portugal tem dois desafios: um, aumentar o seu orçamento global em defesa, e, um segundo, que não é menos importante, aumentar, dentro do orçamento de Defesa, o peso do investimento em equipamento”.
Este investimento, disse ainda, deve “melhorar as capacidades das Forças Armadas”, e, também, servir de “forte estímulo para a participação e o desenvolvimento da indústria nacional”, não apenas para “aumentar as capacidades das Forças Armadas, mas também para dinamizar um projeto de reindustrialização do país”.
O primeiro-ministro deu o exemplo do que tem sido feito na “área da aeronáutica, das comunicações, dos drones, do equipamento com o projeto do ‘soldado português’, ou no têxtil”, apontando o objetivo de integrar este investimento “no sistema científico e tecnológico nacional”.