Falando em Bruxelas, na cerimónia de encerramento do Fórum Global Gateway, iniciativa que reuniu representantes dos governos da UE e de outras partes do mundo, do setor público e privado, o primeiro-ministro começou por alertar que, face aos inúmeros desafios globais, a resposta da Europa, África e da América Latina só poderá ser encontrada se todos estiverem alinhados em encontrar “respostas globais”.
Lembrou que, perante a instabilidade criada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, pelos atos terroristas em Israel, pelas tensões no Médio Oriente e pelo bárbaro ataque terrorista na semana passada em Bruxelas, a Europa, África e América Latina só unidas e em estreita parceria poderão “aproveitar todas as oportunidades que a transição digital e ecológica pode dar e contribuir para promover o desenvolvimento sustentável e a capacitação do comércio”.
António Costa está em Bruxelas para participar no Conselho Europeu, onde serão debatidas as tensões no Médio Oriente, a questão das pausas humanitárias em Gaza, as negociações sobre a solução de dois Estados, para além dos desafios com que a UE está confrontada, quer em relação às migrações, quer em relação ao orçamento comunitário.
Durante a sua intervenção no Fórum Global Gateway, uma iniciativa europeia criada para permitir investimento ao nível mundial, sobretudo em regiões menos desenvolvidas do continente africano e da América Latina, em questões como os transportes, digitalização, energia, saúde, educação e investigação, o chefe do Governo apontou exemplos concretos do empenho e da participação de empresas portuguesas em parceria com os países africanos e latino-americanos, destacando, nomeadamente, “os corredores logísticos digitais entre o porto de Sines e os portos do Atlântico Sul em Angola ou no Brasil” e a “nova rota marítima transatlântica com o México”.
De acordo com o primeiro-ministro, este tipo de colaboração, para além de promover a “resiliência energética e industrial da Europa”, cria “riqueza e emprego” nos parceiros estratégicos em África e na América Latina, “garantindo uma partilha tecnologia e de ‘know-how’ mais justas entre os dois lados do Atlântico”.
Mais à frente, voltou a lembrar que os 27 países da União Europeia há muito tempo que manifestam a vontade de alargar esta colaboração a outros parceiros na Ásia e a outros países do continente africano e da América Latina, sempre no pressuposto, como referiu, de que estas parcerias se devem estender a outros campos para além das infraestruturas e do equipamento dos transportes, também às áreas da saúde e das energias renováveis.
Para que projetos ambiciosos como estes se concretizem, disse ainda António Costa, não só a nível europeu, mas também a nível nacional, há que iniciar um processo que leve à criação de novos mecanismos financeiros que permitam apoiar “investimentos da Global Gateway de forma sustentável”, um modelo que, na opinião do primeiro-ministro, Portugal já aplica no quadro das relações bilaterais com Cabo Verde, designadamente “transformando a dívida pública em investimentos climáticos”.