No comício socialista na Guarda, que teve como palco o auditório do Instituto Politécnico, António Costa voltou a eleger o tema da Segurança Social para defender o modelo social em que assenta o sistema público, caracterizando a ideia proposta pelo PSD e pelos partidos da direita, de colocar parte dos descontos dos portugueses nas mãos de privados, como “uma aventura”.
“Quando o PSD usa palavras doces como sistema misto ou cooperação entre privado e Estado, verdadeiramente o que quer dizer é que nós, portugueses, deixamos de ter segurança na sustentabilidade da Segurança Social”, disse.
Para António Costa, o que “verdadeiramente o PSD quer dizer é que deixa de haver segurança” nas pensões. “E se há algo que temos de dizer ao PSD é que com a Segurança Social não se brinca, as pensões são sagradas e nada, nada, nada pode ameaçar o futuro da nossa Segurança Social pública”, afirmou.
Na questão da Segurança Social, o líder socialista sublinhou que foi a ação do Governo do PS que permitiu fortalecer a sustentabilidade do sistema nos últimos anos, afirmando o objetivo de reforçar esse caminho e o “pacto de confiança intergeracional” que é o seu pilar.
Um pacto que, como lembrou António Costa, já foi posto em causa no executivo PSD/CDS de Pedro Passos Coelho, quando cortou pensões em pagamento, mas que o Tribunal Constitucional travou, precisamente por atentar contra esse contrato de confiança.
Programa do PSD é contrato “com letrinhas pequeninas”
Numa intervenção assertiva, António Costa traçou linhas de demarcação entre o PS e o PSD também em matéria de impostos, considerando incompreensível para os portugueses que a prioridade dos sociais-democratas seja “dar uma borla fiscal” a todas as empresas, indiscriminadamente, deixando para segundo plano a descida do IRS das famílias, em vez de priorizar, como fará o PS já este ano, o benefício fiscal da classe média, das famílias com filhos e dos jovens em início de vida ativa.
O líder socialista criticou ainda a incapacidade do presidente do PSD em assumir compromissos, refugiando-se numa campanha que procura esconder o seu programa, que descreveu “como aqueles contratos de seguros, onde é preciso ler aquelas letras pequeninas que habitualmente nos apanham na distração”.
“Não sei se já repararam, mas o doutor Rui Rio faz uma campanha eleitoral onde não diz nada do que efetivamente quer fazer. Limita-se a passear pelas ruas, a sorrir, a ser simpático, a acenar. Depois, quanto a falar das políticas em concreto, a falar daquilo que quer efetivamente fazer, ou quais os compromissos que efetivamente assume, está quieto. Não assume nenhum compromisso”, acusou.
Para António Costa, Rui Rio não assume compromissos “porque sabe se dissesse mesmo aos portugueses ao que vem, então os portugueses perceberiam bem que não é com ele que querem ir”.
Ninguém se deixe iludir por sondagens
No final da sua intervenção, o Secretário-geral do PS alertou ainda todos os socialistas e eleitores socialistas para que não se deixem iludir pelas sondagens, reiterando um apelo à mobilização.
“Por isso, que ninguém se deixe iludir por sondagens, porque não se ganham as eleições nas sondagens. As eleições ganham-se nas urnas, ganham-se com votos, com o voto de cada. É assim que vamos ganhar no próximo dia 30”, reforçou.
“Muitos seguramente irão votar já no próximo dia 23, outros irão votar no próximo dia 30, mas o que é fundamental, o que é indispensável é que todos nos mobilizemos para votar”, completou o líder socialista.
Arruada na Guarda: “É trabalhando em conjunto que o país avança”
Antes do comício, António Costa participou, ao início da tarde, numa animada arruada na cidade da Guarda, que arrancou no Largo da Sé e terminou no jardim municipal José de Lemos, percurso durante o qual esteve acompanhado pela mulher, Fernanda Tadeu, e pela cabeça de lista do PS pelo distrito, Ana Mendes Godinho, distribuindo rosas pelos comerciantes, recebendo alguns presentes e cumprimentando as muitas pessoas com que se ia cruzando.
Mais à frente, diante da Câmara Municipal, o atual presidente do município, Sérgio Costa – antigo presidente da concelhia do PSD local que, nas últimas autárquicas, concorreu como independente – esperava por António Costa, para agradecer a criação do Porto Seco da Guarda, oficializado em Conselho de Ministros em dezembro, que disse ser “muito important”” e que “nunca ninguém quis dar esse primeiro passo”, mostrando-se também grato por o Governo ter sediado na Guarda, “pela primeira vez nos últimos 47 anos”, um comando da Guarda Nacional Republicana.
O líder socialista e primeiro-ministro retribuiu o cumprimento, tendo realçado que, “independentemente das cores políticas, os Governos têm que se relacionar com grande proximidade com todos os autarcas e trabalhar em conjunto”. “É trabalhando em conjunto que o país avança”, frisou.