É chocante o debate estatístico em torno de uma tragédia nacional
“Seria intolerável, perante o drama que vivemos em Pedrógão, que houvesse qualquer facto que ficasse por apurar ou qualquer dúvida que subsistisse. Tudo deve ser esclarecido o mais pronta e seguramente. É por isso que as autoridades estão a trabalhar, para apurar e esclarecer aquilo que todos nós temos direito a saber”, afirmou o chefe do Governo, em Lisboa, à margem de uma iniciativa oficial.
O primeiro-ministro manifestou mesmo sentir-se chocado com o debate em torno dos critérios estatísticos para contabilizar o número de mortos que resultaram do incêndio que afetou a região centro do país, sublinhando que a “dimensão da tragédia” não é menor em função do número de vítimas mortais.
António Costa fez ainda questão de sublinhar que são as “autoridades técnicas”, e não o Governo, quem define o apuramento oficial do número de vítimas, acrescentando que de acordo com a informação de que dispõe todas as aldeias da região atingida foram vistas, casa a casa, pelas autoridades, não tendo sido “identificada mais nenhuma situação”, da mesma forma que também a lista dos potenciais desaparecidos na altura do incêndio foi “exaustivamente verificada”.
Contudo, apelou a quem possa ter conhecimento de mais vítimas no incêndio que comunique essa informação às autoridades competentes. “Se alguém tem conhecimento de um maior número de vítimas deve, obviamente, comunicar imediatamente esse facto à Polícia Judiciária e ao Ministério Público”, afirmou.
“A dimensão desta tragédia não era menor se tivesse sido metade o número de pessoas que faleceram”, deixou ainda claro.