António Costa confiante em acordo “a tempo e horas” sobre Brexit
“Neste momento já só está um ponto em discussão, portanto eu diria que era preciso que os astros estivessem muito mal conjugados para que não chegássemos a um acordo a tempo e horas”, disse o líder do Governo português no final da reunião do Conselho Europeu, centrado nas negociações do ‘Brexit’.
Apesar de não ter sido ainda possível celebrar um acordo global, António Costa disse esperar a concretização de um compromisso com Londres, sublinhando os “bons progressos” realizados nas negociações.
“Não é uma questão de otimismo, é uma questão de realismo”, afirmou, já que “ninguém tem interesse em que não haja acordo”.
Segundo o primeiro-ministro, desde a cimeira de Salzburgo, em setembro, já muitos dossiês foram desbloqueados e o que resta nesta “ponta final” das negociações é a questão da fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte, que admitiu ser “delicada e difícil”.
Contudo, acrescentou, e porque “mais vale prevenir do que remediar, todos os Estados-membros e a UE estão a desenvolver planos de contingência tendo em vista responder a uma eventualidade de até às 23h00 horas do dia 29 de março de 2019 não haver um acordo”.
Portugal deu exemplo de virar página da austeridade cumprindo as regras
Perante os jornalistas, no final do encontro, António Costa, teve ainda oportunidade para sublinhar que a proposta de Orçamento do Estado para 2019 em Portugal, assim como o percurso do país nestes últimos três anos, demonstrou é possível virar a página da austeridade cumprindo as regras.
“Como Portugal pode demonstrar é possível virar a página da austeridade e cumprir as regras de forma a participar ativamente na zona euro. Creio que isso é uma demonstração para quem tinha dúvidas. Se foi possível seguir em Portugal, com as devidas adaptações, será seguramente possível seguir noutros países”, defendeu, quando questionado sobre o plano orçamental italiano, que prevê um défice de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Sem comentar as opções orçamentais de outros Estados-membros, António Costa preferiu vincar que está centrado na aprovação do Orçamento do Estado português para 2019, que considerou ser “um excelente orçamento”, sustentando que irá permitir continuar a melhorar vida dos portugueses, as condições para as empresas investirem, e que Portugal tenha as “contas certas” e possa reforçar a trajetória de crescimento.
Neste Conselho Europeu, que juntou em Bruxelas os chefes de Governo e de Estado da União Europeia, estiveram também em agenda as questões das migrações, segurança interna e relações externas.
António Costa estará em Bruxelas durante dois dias, tendo ainda esta quinta-feira mantido um encontro com o presidente do Parlamento Europeu, Jean-Claude Juncker, participando igualmente num almoço de trabalho da Cimeira do Euro.
Ao final da tarde, o primeiro-ministro português marcará ainda presença na cerimónia de abertura da 12ª Cimeira da ASEM, encontro de alto nível entre os líderes de 51 países da União Europeia e da Ásia, que realizará amanhã duas sessões plenárias, sob ao tema “Global Partners for Global Challenges”, com vista a fortalecer o diálogo e a cooperação entre os dois continentes em torno de um conjunto alargado de áreas estratégicas.