Estas posições foram assumidas por António Costa, na apresentação do livro do Secretário-Geral da JS, Miguel Costa Matos, intitulado ‘Portugal e Agora? 30 ideias para mudar o país’, que tem prefácio do líder do PS, Pedro Nuno Santos.
“Não é o facto de haver oito anos de Governo que diminuiu o poder de reinvenção e de inovação. Tenho verificado nos debates eleitorais que há mais novidades apresentadas pelo campo de quem tem governado nestes últimos oito anos do que por parte daqueles que se têm oposto”, declarou, num discurso que se caracterizou por uma visão otimista em relação à juventude e à economia portuguesa.
Numa intervenção que dedicou particular atenção às novas gerações, António Costa apontou que alguns partidos da direita querem ter um discurso voltado para os jovens, mas o que propõem é, em contradição, um agravamento nos impostos.
“A IL, que tanto fala de impostos e de jovens, acaba com o IRS Jovem, dizendo esta coisa extraordinária: o IRS Jovem deixa de ser necessário porque haverá um IRS de 15% para todos. Não vou discutir a demagogia do IRS a 15% para todos, mas o IRS Jovem, no primeiro ano, é de zero por cento. Significa que querem taxar mais quem tem IRS Jovem”, assinalou.
António Costa fez mencionou também a evolução de Portugal nas qualificações entre 2000 e 2023, advogando que a aposta nessas políticas educativas e de formação foram “o fio condutor” dos governos socialistas desde António Guterres em 1995. E criticou a direita por “ter falhado na sua estratégia de baixos salários para atrair investimento estrangeiro”.
“Batalha das ideias” face a uma direita radical e individualista
Na primeira intervenção da sessão, o dirigente socialista Duarte Cordeiro salientou o desafio que Miguel Costa Matos lança no seu livro aos socialistas para “saírem da sua zona de conforto” e entrarem “na batalha das ideias com campos alternativos da direita”.
“Estamos perante perigos que podem colocar em causa a democracia, com uma extrema-direita que se aproveita do medo e do desconhecimento e que recorre a mentiras. A democracia, que este ano celebramos 50 anos, não é um dado adquirido. Os direitos não estão garantidos”, advertiu, alertando, de igual forma, para a existência de “uma direita radical que aposta numa lógica individualista” e que esquece “as consequências da rutura que as suas propostas vão provocar nas funções do Estado social”.
Duarte Cordeiro destacou também “os progressos” de Portugal em matéria de cumprimento das metas ambientais. “Em 2023, estabelecemos vários recordes, entre os quais o facto de termos seis dias consecutivos de consumo da eletricidade só com as nossas fontes renováveis e ainda com exportação para Espanha. Temos de deixar memória dos nossos resultados”, sustentou.
Na apresentação do livro, Miguel Costa Matos lembrou que assinala 16 anos de vida política, observando a curiosidade de ter sido escrito a pensar em outro ciclo político, antes da demissão do atual Governo em novembro de 2023.
“Este não é um livro técnico. Procuro deixar sementes. As ideias de que aqui apresento são um acrescento à biodiversidade da nossa democracia. A nossa democracia precisa de ideias”, afirmou o líder da JS, recebendo uma prolongada salva de palmas.