Atentos a esta afirmação, estavam o moderador do programa, o jornalista Carlos Andrade, e os habituais intervenientes José Pacheco Pereira e a socialista e ex-ministra Alexandra Leitão, com o primeiro-ministro a garantir que o Governo não deixará de cumprir a lei para que o valor das pensões no próximo ano “possam ter um aumento histórico”, por efeito conjugado da “drástica subida da inflação e do elevado crescimento económico registado este ano”.
Quanto ao formato como o Governo desenhará a sua estratégia orçamental nesta legislatura, perante questões tão relevantes como o aumento da inflação e a subida das taxas de juro, fenómenos que surgem com um exponencial peso, António Costa lembrou, a este propósito, a “estratégia conservadora” como o executivo, nos últimos seis anos, tem gerido politicamente a questão orçamental, lembrando que o caminho seguido tem sido pautado pelo rigor de “prepara-se sempre para o pior, desejando sempre o melhor”, princípio que até agora, como referiu, “tem corrido bem”.
Claro que este princípio ou este método não evita, como salientou, que se os juros aumentarem e aumentarem muito, o Estado não tenha de subir a despesa, o que não invalida, contudo, como fez questão de defender, que mesmo perante previsões de uma inflação com trajetória em alta, o Governo no próximo ano deixe de aprovar um aumento exponencial das pensões.
“As leis existem para serem cumpridas”, disse o primeiro-ministro, garantindo que o Governo não deixará de acatar a “fórmula que existe desde 2007”, o que significa, como referiu, assumir que em 2023 haverá um aumento extraordinário das pensões, como resultado, por um lado, da conjugação do aumento “anormalmente alto do crescimento” económico que se regista este ano, comparativamente em relação ao ano passado, e, por outro lado, de um “aumento histórico”, também muito significativo, da taxa de inflação.
De acordo com o primeiro-ministro, estes dois fatores conjugados vão gerar a possibilidade de haver no próximo ano em Portugal “um grande aumento das pensões de reforma”, voltando António Costa a insistir que o Governo socialista mantém o objetivo de “celebrar um acordo de competitividade e de rendimentos em sede de concertação social”, com a perspetiva de que os salários em Portugal possam ter o mesmo peso no PIB, cerca de 48%, à média europeia.
Quanto aos salários da Administração Pública, o primeiro-ministro deixou igualmente a garantia de que serão atualizados no âmbito de negociações com os sindicatos, tendo sempre em conta, como destacou, “o princípio da atualização anual” e o da continuação do descongelamento das carreiras.