“Ninguém pode estar descansado relativamente ao risco de incêndio florestal”, referiu o primeiro-ministro, ontem em Góis, no distrito de Coimbra, numa altura em que as temperaturas do ar, como salientou, atingem valores muito altos e nada comuns em Portugal.
De acordo com António Costa, de pouco vale descartar ou minimizar o impacto que as alterações climáticas estão a ter no exponencial aumento das temperaturas do ar, fenómeno, como salientou, que já não é possível ignorar ou associar a uma situação passageira ou singular.
A este propósito, o primeiro-ministro admitiu que, apesar de toda a “cadeia de operações” associada ao combate a incêndios estar “empenhada e mobilizada”, as altas temperaturas e a morosidade na execução de uma “verdadeira reforma estrutural da floresta” estão a impedir que o país disponha de um “espaço florestal” que ajude a melhorar o rendimento dos produtores e permita que o território “não seja apenas ocupado por eucaliptos e pinheiros”, árvores de crescimento rápido, como destacou, que “aumentam o risco de incêndio quando há uma excessiva concentração”.
Ao fazer o balanço do dia, durante o qual percorreu Coimbra, Lousã e Viseu, António Costa referiu que foi “muito intenso” e que sentiu em todos aqueles com que falou “uma grande consciência do enorme desafio” que vão enfrentar nos próximos dias.
“Este dispositivo tem no total 13 mil pessoas em prontidão para poder atuar em caso de necessidade”, realçou, sublinhando que “todas as entidades estão muito bem articuladas umas com as outras e isso é fundamental para fazer a diferença”.
No seu entender, “todos juntos fazem uma equipa muito forte”, mas “esta equipa só pode funcionar bem” se cada um dos portugueses se juntar a ela para prevenir que os incêndios ocorram, reiterou.
Campanha de sensibilização
Já hoje, em Carnaxide, no distrito de Lisboa, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o chefe do Governo, que estava acompanhado pelos ministros do Ambiente, Duarte Cordeiro, e da Administração Interna, José Luís Carneiro, alertou para a necessidade de uma maior “diversificação da ocupação do território” por parte das forças de combate aos incêndios florestais, garantindo que a partir de agora haverá uma campanha mais intensa para reforçar e sensibilizar as populações para “comportamentos preventivos face ao risco de incêndio”, voltando a recordar que “há uma proibição geral de qualquer atividade desenvolvida nas áreas florestais”, devido ao elevado risco de incêndio.
O primeiro-ministro referiu-se ainda à interdição de um festival de música agendado para hoje no distrito de Setúbal e para a concentração motard de Faro, igualmente marcada para esta terça-feira, garantindo que o Ministério da Administração Interna (MAI) mantém o diálogo com os organizadores destes eventos, para ver quais as possibilidades que assegurem que estas iniciativas, “programadas, em parte, em zonas florestais”, possam ser agendadas para outro local, reafirmando não ser possível “nestas condições climáticas” abrir qualquer tipo de exceções.