Na entrevista que ontem deu à TVI e à CNN/Portugal, António Costa foi perentório ao afirmar não acreditar em nenhuma solução governativa que não tenha por base o PS. Lembrou que a solução alternativa apresentada pela direita segue, a par e passo, “a lógica dos arranjos” que PSD, Iniciativa Liberal, Chega e CDS apresentaram aos açorianos, uma receita, como referiu, “que nem três anos durou”.
O que se passou a nível governativo na região autónoma dos Açores, nos últimos quase três anos, insistiu o também líder socialista, é hoje claro que terá sido “um ensaio geral, um fiasco que convém não repetir, do que o PSD pretende fazer a nível nacional”. Uma experiência, advertiu, que o eleitorado deverá recusar, porque “custa a imaginar que o país possa sair das eleições de março com uma barafunda idêntica àquela que a direita criou nos Açores”.
Para o primeiro-ministro, não haverá uma boa solução governativa “com estabilidade” para o futuro de Portugal se das próximas eleições de março não sair um Governo preparado “para dar continuidade ao processo de mudança que os governos do PS iniciaram a partir de 2015”, elogiando os dois principais candidatos à liderança do PS, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, garantindo estarem ambos à altura de responder a esta exigência, e de qualquer um dos dois assegurar “mais experiência e mais competência do que o líder da oposição”.
Quanto ao balanço que, por norma, se faz nestas alturas sobre o que “correu bem e menos bem, do que não se fez e se poderia ter feito, que novos problemas existem e que exigem novas respostas e que novas abordagens devemos ter”, é uma avaliação que, para o primeiro-ministro, é legítima, manifestando, contudo, a ambição de que “o PS tenha orgulho destes oito anos de governação” socialista.
Aeroporto é teste à credibilidade do PSD
António Costa lamentou que o maior partido da oposição mantenha a mesma postura do passado, referindo que “cada vez que ouço o líder do PSD falar sobre o futuro, o que realmente ouço são palavras do passado, proferidas ao lado de gente do passado”, questionando a este propósito como é que ao fim de todos estes anos “o melhor que o PSD apresenta para animar o partido é ir buscar o professor Cavaco Silva”.
Sobre o futuro aeroporto de Lisboa, António Costa asseverou que este é um tópico que questiona diretamente a “credibilidade do PSD e do seu líder”, referindo ser necessário saber se “Luís Montenegro respeita ou não o acordo que celebrou com o Governo, em nome do PSD, para a constituição de uma Comissão Técnica Independente (CTI) sem qualquer elemento nomeado pelo Governo ou pelo seu partido”, para dar “solidez científica à futura decisão política sobre uma infraestrutura fundamental para o país”.
Caso este cenário não se verifique, disse ainda o também líder socialista, “é a credibilidade de Luís Montenegro e a do próprio PSD que fica em causa”.