Ana Catarina Mendes defende uma agenda progressista para “Recuperar Portugal”
“Desde 2015 que as opções políticas tomadas sob a liderança do PS, com o apoio dos parceiros que connosco se comprometeram e apoiaram o Programa de Governo, se têm vindo a revelar as mais acertadas”, frisou a dirigente socialista na Conferência Nacional ‘Recuperar Portugal’, que decorreu ontem em Coimbra.
Devido aos problemas que o país terá de enfrentar por causa da crise causada pela pandemia de Covid-19, é fundamental garantir “a estabilidade política necessária”, alertou Ana Catarina Mendes, que recordou que em 2015, depois de o PS rejeitar “o arco da governação e o bloco central”, foi encontrada uma solução “que veio permitir uma maioria de esquerda que apoiou o Governo do PS”. E assegurou: “É aí, à esquerda, que queremos continuar a liderar a solução política de que Portugal precisa”.
“Para isso, contamos, naturalmente, com o sentido de responsabilidade de todos os partidos que connosco fazem a maioria de esquerda de que o Parlamento hoje dispõe, respeitando sempre as diferenças, mas pondo sempre o interesse de Portugal acima de qualquer agenda ou tacticismo partidário”, sublinhou.
A líder parlamentar do PS avisou que “o tempo não é de agendas irrealistas feitas de pressões, chantagens ou olhares para o umbigo”, sendo antes necessário “unir esforços para prosseguir uma agenda social que responda às urgências e necessidades dos portugueses”.
Ana Catarina Mendes mostrou-se convicta de que nenhum dos partidos da esquerda “prescindirá da responsabilidade que foi conferida, pelos eleitores, a todos e neste momento histórico”.
Aposta na proteção dos rendimentos, emprego e qualificação dos portugueses
A presidente da bancada socialista destacou depois os incentivos à economia já disponibilizados às empresas pelo Executivo e enfatizou as “medidas aprovadas de proteção ao emprego, aos trabalhadores e aos seus rendimentos de maneira a assegurar postos de trabalho e a mitigar os efeitos da crise”.
Agora é necessário “olhar para a frente” e, para isso, o “Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030 não tem um horizonte de uma legislatura, tem o horizonte de uma década”. “É, pois, imperioso que esta estratégia reúna o mais amplo consenso político, de modo a que possa ser executada em continuidade”, referiu.
Segundo Ana Catarina Mendes, os socialistas empenharam-se em garantir que esta “crise tem, e continuará a ter, uma resposta diferente da que foi dada com a intervenção da troika, tão acarinhada pela direita, e que tão maus resultados teve”. Contrariando este caminho, a “reposição de rendimentos e de direitos” iniciada em 2015 pelo PS constituiu uma “opção justa e correta”, assinalou.
Para além da proteção dos rendimentos e do emprego, o Partido Socialista apostou na qualificação das pessoas, “ao invés de acabar com as Novas Oportunidades, desinvestir na formação profissional e qualificação dos adultos e degradar o ensino profissional para os jovens”, como fez a direita no passado, disse.
A presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista revelou que a agenda do PS para a sessão legislativa que agora se inicia vai “contemplar novas formas de proteção das famílias e dos trabalhadores, promover o emprego de qualidade e o trabalho, reforçando desde logo o papel da negociação coletiva, de modo a que seja possível fazer face a todas as dificuldades”, não esquecendo as alterações climáticas, com uma aposta nas “energias limpas e nas práticas amigas do ambiente”.
“Ao mesmo tempo temos que elaborar, definir e aprovar uma agenda para a infância, um conjunto de políticas de proteção às crianças e jovens em risco, muitas delas saídas desta crise pandémica, que não podem sofrer o estigma da pobreza sem esperança no futuro”, avançou.
Para o PS, “estas crianças e jovens não podem ficar condenadas ao degredo social apenas porque nasceram em famílias sem recursos ou que empobreceram abruptamente por causa da pandemia”.
Estado social demonstrou qualidade
Ana Catarina Mendes aproveitou a sua intervenção para congratular o Governo por ter agido “como lhe competia” durante a pandemia, “na defesa e proteção dos portugueses”. “E o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social e o sistema educativo corresponderam ao que se espera de um Estado social forte”, afiançou.
“O Estado social fez prova de vida e demonstrou qualidade, e isso deveu-se, naturalmente, ao empenho e esforço dos profissionais das diferentes áreas e dimensões que o compõem”, defendeu a dirigente do PS.
Para a líder parlamentar socialista, “o Estado social é, sem dúvida, a construção política mais preciosa do Portugal democrático”, e, como dizia Mário Soares, “é indispensável para que a economia possa funcionar”.