Esta a questão colocada por Alexandra Leitão, cabeça de lista do PS por Santarém, quando no comício de ontem à noite na Casa do Campino, lembrou que Passos Coelho e Paulo Núncio vieram à campanha da AD “dizer aquilo que Luís Montenegro e Nuno Melo não dizem, mas pensam e querem fazer se chegarem ao poder”, acusando a coligação de direita de “não gostar da igualdade”.
De acordo com a cabeça-de-lista por Santarém e coordenadora do programa socialista, não é indiferente que, numa coligação que se diz unida e preparada para governar o país, haja gente que defende que os “imigrantes são a causa da insegurança”, ou que se defenda o referendo à lei do aborto “para voltar a criminalizar as mulheres”, insistindo na ideia de que a “direita tem um profundo desrespeito pela igualdade”, seja de “género, em função da raça, da etnia ou em função da religião”.
Depois de defender que o discurso atual da AD traz de volta aos portugueses memórias ainda bem vivas dos anos da ‘troica’, a antiga governante prosseguiu, defendendo que a direita está igual ao que sempre foi, com as mesmas propostas e os mesmos objetivos, e no pouco que tenta disfarçar não consegue “esconder os retrocessos” económicos e sociais que propõe provocar.
É lamentável que quase uma década depois de ter sido afastada do poder, a direita mantenha a defesa dos mesmos erros e incongruências por que combateu até 2015, insistindo em coisas tão bizarras como pensar que, “por artes mágicas”, farão crescer a economia cortando impostos ou avançando com a privatização de serviços públicos.
E privatizar serviços públicos para a direita significa, na opinião de Alexandra Leitão, “descapitalizar e entregar aos privados o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública”, até que um dia “todos dependeremos dos privados, que nos venderão serviços de saúde e de educação ao preço que eles nos entenderem vender”.
O legado deixado pela direita, advertiu, é exatamente o mesmo projeto que promete para o futuro: “desnatar o Estado social, os serviços públicos e retirar prestações sociais e pensões”.
Para além destes ataques à vida dos portugueses, Alexandra Leitão acusou ainda a direita de querer pôr em causa o que considerou ser “uma conquista civilizacional da democracia”, o respeito por todas as pessoas, alertando os portugueses para não terem ilusões porque o PSD e o CDS, em nenhuma circunstância, menosprezarão o apoio da extrema-direita, “racista, xenófoba e misógina”.
Reconhecendo que ainda há um caminho a fazer, designadamente no que à luta pela igualdade diz respeito, a cabeça-de-lista do PS por Santarém não deixou, contudo, de alertar que “qualquer recuo neste caminho será fatal”, e que votar na direita é abrir o caminho “ao retrocesso nos direitos das mulheres”.
Só o PS, garantiu Alexandra Leitão, tem capacidade, peso eleitoral e social para “impedir que a direita ponha em perigo a qualidade da democracia, dos direitos das mulheres, das minorias e de todos os direitos sociais de todos”.
Só o PS, insistiu, com Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro, pode continuar a criar um país cada vez mais “solidário, igual e justo”, um território onde haja maior coesão social “que nos inspira e nos motiva a fazer mais e melhor, honrando o nosso passado, mas com vontade de renovação e mais espírito progressista”.
Manifestando confiança na vitória do PS nas próximas eleições, com o respaldo de ter avançado, nos últimos oito anos de Governo, com medidas tão importantes como a “devolução do rendimento às pessoas, a criação de meio milhão de postos de trabalho, o reforço da prestação social ou o descongelamento das carreiras”, Alexandra Leitão deixou a garantia de que o PS encara as eleições de 10 de março “com serenidade e com orgulho no passado e os olhos postos no futuro”.
Falou depois na vitória civilizacional que os governos socialistas alcançaram com o equilíbrio orçamental e com a redução do défice e da dívida pública, triunfos que provam, como defendeu, que o PS “é o partido da responsabilidade e da justiça social”, e também o partido que “devolveu aos portugueses a esperança e o orgulho no futuro do país, depois de quatro anos em que a direita nos queria convencer que vivíamos acima das nossas possibilidades”.
Só o PS pode tratar todos os agricultores por igual
Antes tinha usado da palavra Capoulas Santos, antigo ministro da Agricultura que acusou a direita, PSD e CDS, de estarem “capturados por interesses privados”, garantindo que só o PS, também neste setor económico, “não está dependente de nenhuma organização agrícola”, podendo, por isso, como assinalou, “tratar todos os agricultores por igual sem nenhuma distinção”.
Lembrou depois que, antes da adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, o setor agrícola português “era quase medieval” e que hoje “concorre com alguns dos países mais competitivos do mundo”, sustentando que os anos de governos socialistas “mostram maior crescimento, emprego, educação”, mas também avanço “na agricultura”, defendendo a necessidade de se “casar de forma responsável a agricultura com o combate às alterações climáticas”.
A primeira intervenção da noite na Casa do Campino foi reservada para o presidente da Federação de Santarém, Hugo Costa, que elogiou a mobilização conseguida pelos socialistas, defendendo que Pedro Nuno Santos “é o candidato mais bem preparado para ser primeiro-ministro”, alguém que, como salientou, tem a “capacidade de rasgar horizontes”.