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Alberto Martins despediu-se do Parlamento português

Alberto Martins despediu-se do Parlamento português

O deputado socialista Alberto Martins foi hoje aplaudido de pé por todos os grupos parlamentares, no final do discurso que marcou a sua despedida da Assembleia da República, casa onde serviu a democracia portuguesa nas últimas quatro décadas.
Alberto Martins despediu-se do Parlamento português

Eleito sucessivamente deputado desde 1987, nesta sua derradeira sessão parlamentar Alberto Martins proferiu uma breve e emotiva intervenção, durante a qual evocou os méritos da democracia.

“Não há felicidade sem liberdade, nem liberdade sem coragem – uma boa consigna da Assembleia da República”, afirmou, citando Péricles.

O deputado socialista salientou que decidiu encerrar a sua vida parlamentar “por decisão pessoal”, revelando levar consigo, 40 anos passados, “muitas das certezas” com que entrou na casa da democracia.

“A âncora do progresso da humanidade está nos grandes valores do respeito pela dignidade humana, no sentimento de fraternidade, no combate à pobreza e à exclusão, no respeito pelo trabalho, na defesa da aspiração ética da política e no equilíbrio ecológico”, disse, visivelmente comovido.

Num preenchido percurso de participação cívica e serviço público, Alberto Martins fez ouvir a sua voz contra o regime do Estado Novo, tendo sido um dos protagonistas da crise académica de 1969. Deputado à Assembleia da República desde 1987, foi ministro da Reforma do Estado entre 1999 e 2002, e ministro da Justiça entre 2009 e 2011. Na Assembleia da República, foi por duas vezes líder parlamentar do PS.

“Alberto Martins é parte relevante da nossa história democrática”

Também Eduardo Ferro Rodrigues e Carlos César fizeram questão de assinalar a última intervenção do ilustre parlamentar socialista, com o atual presidente da Assembleia da República, e seu companheiro de bancada de muitos combates, a confessar sentir este dia como “um momento triste, uma vez que se trata de um amigo e camarada de lutas de há quase 50 anos”.

“Foi sempre uma referência para uma geração, desde o momento em que no ano 1969, enquanto presidente da Associação Académica de Coimbra, ousou erguer a voz contra o regime da ditadura e da guerra colonial. Foi sempre consequente com essa atitude ao longo da sua vida política intensa”, defendeu Ferro Rodrigues.

O presidente do Grupo Parlamentar do PS, por seu turno, pediu a palavra após a intervenção de Alberto Martins para destacar o seu legado para a democracia do país.

“Tem a seu crédito contributos relevantes para o país, particularmente para a ordem constitucional portuguesa. Alberto Martins é parte relevante da nossa história democrática contemporânea”, considerou Carlos César.