“Não haja nenhuma ilusão, nós não estamos em 2024 no momento que estávamos em 2022, nem em 2015, onde se perspetivava uma maioria de esquerda. Neste momento, o risco da direita e da Aliança Democrática (AD) ganhar é real, e só há uma maneira de as ideias do Livre serem implementadas: é com uma vitória do PS”, sublinhou o Secretário-Geral socialista, no frente-a-frente realizado com Rui Tavares, na sexta-feira, na RTP.
As políticas de habitação foram um dos temas que marcaram o debate, com Pedro Nuno Santos a salientar que o Livre não traz verdadeiramente “nenhuma novidade” quanto às soluções para um problema que está diagnosticado e identificado, elencando “um conjunto muito completo de medidas” lançadas pelo Governo do PS, que “estão a produzir já resultado”, como o lançamento de um parque público de habitação para disponibilizar 32 mil habitações até 2026 ou o apoio ao arrendamento a 230 mil famílias.
“Nós não acordámos agora”, acentuou.
O líder socialista referiu também a implementação do Passe Ferroviário Nacional como sendo “um bom exemplo” de uma matéria em que PS e Livre concretizaram uma agenda comum, servindo os portugueses, e que mostra, precisamente, que “só pode ser executada e implementada de uma única maneira, com o PS a ganhar as eleições” e a liderar o Governo.
Na educação, os dois líderes convergiram na reposição integral do tempo de serviço dos professores, com Pedro Nuno Santos a salientar que o PS irá propor que seja feita numa legislatura e a acrescentar que o programa eleitoral socialista irá também incluir uma medida para “melhorar os primeiros escalões na carreira docente”, com o valor dependente das negociações com os sindicatos.
Já na saúde, o Secretário-Geral do PS alertou para os riscos que o serviço público correria com uma eventual vitória da direita nas legislativas.
“Nestas eleições joga-se mesmo o futuro do SNS porque há uma direita, uma AD e o resto dos seus potenciais parceiros, que não acreditam no SNS e querem desviar recursos do SNS para o privado”, advertiu.
Acentuando que nesta, como em outras matérias centrais para vida dos portugueses, é muito distinta a visão da sociedade que separa PS e PSD, Pedro Nuno Santos deixou a garantia de que “o PS não existe para suportar governos do PSD”.
“O pior serviço que se faria à democracia era ter uma governação com o PS e o PSD comprometidos com essa mesma governação, deixando a oposição, ou a liderança da oposição, para o Chega e a extrema-direita”. “Isso não vai acontecer connosco”, garantiu.
“Isso significa cumprirmos o nosso mandato e a relação de confiança que nós queremos construir com o eleitorado”, acrescentou o líder socialista.
É possível conciliar interesse ambiental e económico
Já no sábado, no frente-a-frente com a porta-voz do PAN, na TVI, o Secretário-Geral do PS criticou “a ambiguidade” com que aquele partido se tem posicionado no quadro político, nomeadamente no que se refere ao acordo celebrado com PSD e CDS-PP na Madeira.
No centro do debate entre Pedro Nuno Santos e Inês de Sousa Real esteve a concretização de projetos de investimento de interesse estratégico nacional, com o líder socialista a sustentar que é preciso “conciliar o interesse ambiental com o interesse económico” e que “o fundamental” é que cada projeto “cumpra a lei”, colocando a tónica na necessidade de desenvolvimento do país e de evitar “estar sistematicamente no pára-arranca”. Divergência que se fez sentir também em matéria de política fiscal, com o Secretário-Geral socialista a criticar a proposta do PAN, de descida do IRC, que coloca este partido ao lado da direita que vê a medida como uma “solução milagrosa” para o crescimento económico.
Mesmo sem fechar a porta a futuros entendimentos, no quadro da configuração parlamentar que sair das eleições, Pedro Nuno Santos deixou, contudo, uma nota à porta-voz do PAN.
“Não faz sentido estar a antecipar cenários, mas não deixa de ser curioso a ambiguidade do PAN relativamente ao centro-esquerda e ao centro-direita”, disse, observando que os partidos com os quais o PAN estabeleceu um acordo na Madeira “estão nos antípodas” do que diz defender.
Ainda para o Secretário-Geral do PS, como em outras matérias, também o combate à emergência climática ficará em risco “se a direita se unisse” para governar, reforçando a importância do voto útil em 10 de março.