Acesso gratuito a plataformas de saúde para evitar recurso ao “Dr. Google”
Todos os portugueses vão poder, a partir de janeiro, aceder de forma gratuita a plataformas digitais internacionais com informação clínica e cientificamente validada, uma iniciativa da Ordem dos Médicos e do Ministério da Saúde.
O Ministério e a Ordem assinaram hoje um protocolo que visa a disponibilização ‘online’ e gratuita de sistemas de “apoio à decisão clínica internacionalmente reconhecidos como estando baseados na melhor e mais relevante evidência científica”.
O ministro da Saúde entende que este é um passo na “luta entre médicos e o ‘Dr. Google’”, uma “luta que não vai parar”, numa referência a informação não validada cientificamente pesquisada na internet.
“Damos um passo na batalha do conhecimento contra a ignorância, daquilo que é a realidade científica contra a informação desvirtuada (…). É um combate ao charlatanismo”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, na cerimónia de assinatura do protocolo, que decorreu na Ordem dos Médicos, em Lisboa.
As quatro plataformas têm como principal objetivo fornecer informação aos profissionais de saúde, nomeadamente aos médicos, que permita uma tomada de decisão clínica mais informada e baseada na melhor evidência científica.
Mas passarão a estar disponíveis também a todos os cidadãos, a partir de janeiro, embora ainda esteja por definir a forma de acesso, se através do portal do Serviço Nacional de Saúde, da Ordem dos Médicos ou de outra forma.
Apesar de serem plataforma internacionais com informação em inglês, haverá tradução de alguns conteúdos para português, de forma a poder facilitar a compreensão da população.
Quanto aos custos de disponibilizar acesso gratuito a estas plataformas a todos os profissionais de saúde e restantes cidadãos, o ministro referiu que “há uma neutralidade de custos”, uma vez que serão consolidados contratos com as plataformas que estavam dispersos por vários hospitais.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, referiu que caberá à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) assegurar o acesso de todos os portugueses a estas plataformas.
Também quanto aos custos, o bastonário indicou que estão a ser integrados “num pacote único” vários contratos que havia nos hospitais.
“Não sei exatamente os custos, mas permite, mais ou menos pelo mesmo valor, dar acesso a estas plataformas a todos os portugueses”, afirmou aos jornalistas Miguel Guimarães.
O bastonário, que considerou a assinatura deste protocolo como um “momento histórico”, disse que o objetivo é que os cidadãos passem a ter acesso a ferramentas “que são seguras e oferecem garantias de qualidade em termos científicos” ao nível da informação de saúde.
“Combate a publicidade enganoso e muitas das coisas que não têm evidência científica. Dá mais informação aos doentes e às pessoas”, considerou.
O bastonário lembra ainda que “a medicina evolui muito rapidamente”, sendo necessário “que os médicos tenham o apoio à decisão médica através destas plataformas”.
Segundo Miguel Guimarães, estas plataformas permitem também que os médicos possam fazer a formação profissional contínua, com acesso, de modo gratuito, a planos de formação.
Os quatro sistemas de apoio à decisão clínica – BMJ Best Practice, Cochrane Library, DynaMed Plus e UpToDate – estarão acessíveis a partir de janeiro a todos os portugueses que possam aceder à internet, pretendendo-se que a disponibilização desta informação possa servir para “aumentar consideravelmente e de modo sustentado a literacia de cidadãos, dos doentes e dos seus familiares”.