A verdadeira sustentabilidade do SNS está nos seus profissionais
António Arnaut defendeu ontem, em Coimbra, que a “verdadeira sustentabilidade” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está nos seus profissionais, lembrando ainda que este serviço, já considerado uma das maiores conquistas da democracia, foi constituído para serem “os que podem a pagar para os que precisam” de cuidados de saúde.
“São eles, os profissionais da saúde que têm feito o SNS todos os dias” desde a sua criação há 37 anos, afirmou o fundador do PS, principal impulsionador do Serviço Nacional de Saúde enquanto ministro dos Assuntos Sociais, do segundo Governo liderado por Mário Soares, ontem homenageado em Coimbra, onde o Conselho de Ministros esteve reunido com uma agenda dedicada à saúde.
António Arnaut intervinha no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), nas celebrações do Dia Nacional do SNS, em cujo programa participou o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e que incluiu a inauguração de um monumento com um busto em bronze do homenageado, à entrada do auditório do complexo hospitalar.
“Sou partidário da criação de condições para que o médico se sinta motivado para a dedicação exclusiva”, defendeu, salientando que deveria caber ao profissional “aceitar facultativamente” essa possibilidade.
O seu empenho e determinação na promoção do SNS, em 1978 e 1979, “foi a última oportunidade para concretizar” o artigo da Constituição da República que consagrou essa conquista da Revolução do 25 de Abril, recordou.
António Arnaut congratulou-se com a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde, “apesar de muitas amputações e desvios à sua matriz” fundadora, sublinhando especialmente o facto de ter conseguido, nestas décadas, “converter os descrentes e os agnósticos” do Estado Social.
Perante centenas de pessoas, o fundador do PS admitiu, com ironia, que a homenagem de ontem e outras dos últimos anos lhe dão “a sensação de ser póstumo, metálico e hirto”, como um dia escreveu o escritor Miguel Torga, seu amigo.
António Arnaut elogiou ainda o grupo de trabalho que, sob a sua coordenação, concebeu o projeto de lei que fundou o SNS: Mário Mendes, António Gonçalves Ferreira (ambos falecidos), José Miguel Bezerra e António Leal Lopes.