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A renegociação do programa de ajustamento é um imperativo e não deve ser feita "às …

A renegociação do programa de ajustamento é um imperativo e não deve ser feita "às …

António José Seguro criticou hoje o método político de Portugal tentar flexibilizar “às pinguinhas” as metas para o défice e dívida, contrapondo que o país deve renegociar globalmente o seu programa de ajustamento com a 'troika'.

O secretário-geral do PS falava aos jornalistas após ter discursado numa conferência subordinada ao tema “Next Left e os movimentos sociais” na Reitoria da Universidade de Lisboa.

António José Seguro contestou a tese defendida pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sobre a estratégia que deverá ser seguida por Portugal em relação à União Europeia, no que respeita ao cumprimento do programa de ajustamento financeiro.

“Há imenso tempo que venho defendendo mais tempo para Portugal consolidar as contas públicas e mais tempo para criar as condições para o desenvolvimento da economia, tendo em vista preservar postos de trabalho e criar novas oportunidades de emprego, em particular para os mais jovens. Considero que o processo de renegociação [do Programa de Assistência Económica e Financeira de Portugal) não deve ser feito às pinguinhas, na lógica de hoje um bocadinho um défice, amanhã um bocadinho a dívida”, criticou.

Para o secretário-geral do PS, Portugal “deve colocar em cima da mesa a realidade, que é simples”.

“A política de austeridade falhou e é necessário parar com ela. É preciso renegociar as condições para Portugal ter taxas de juro mais baixas, mais maturidade [em termos de prazos], mais tempo para a consolidação das contas públicas e uma agenda para promover o emprego e o crescimento. A realidade tem-nos dado razão”, acrescentou.

Para António José Seguro, a renegociação das condições de ajustamento por parte de Portugal constitui “um imperativo”, porque “é uma condição necessária para o país ter crescimento”.

A seguir, o líder socialista foi confrontado com a declaração do presidente do Eurogrupo, segundo a qual Portugal poderá ter mais tempo para o cumprimento da meta do défice se as circunstâncias ao nível da conjuntura financeira europeia o justificarem.

“Mas claro que já há circunstâncias para que isso ocorra”, afirmou António José Seguro, invocando para o efeito “o elevado número de desempregados” existente em Portugal e “a espiral recessiva” do ponto de vista económico.

“É necessário que tanto em Portugal como na Europa se desperte para esta situação. É preciso agir e já vamos tarde. O Governo precisa de iniciar rapidamente o processo de renegociação”, frisou.

Confrontado com a tese do primeiro-ministro de que Portugal tem de cumprir primeiro os seus compromissos para ter credibilidade, visando a concessão de maior flexibilidade ao nível das metas, Seguro disse que discorda dessa posição.

“O primeiro-ministro diz isso há mais de ano e meio, eu discordo, e a prova que tenho razão é que a realidade infelizmente é aquela que conhecemos. Peço aos portugueses que olhem para a realidade e vejam quem tem razão”, acrescentou.