A Expo foi o primeiro grande momento em que o país sentiu que se tinha modernizado
Um país, como sublinhou, que com esta iniciativa de renovação urbana em larga escala se tornava “cosmopolita, aberto e capaz de realizar grandes transformações”.
Em retrospetiva, o primeiro-ministro recorda que a ideia da recuperação da frente ribeirinha surge pela primeira vez na candidatura de Jorge Sampaio à Câmara Municipal de Lisboa, em 1989, uma obra que acabaria por levar cerca de nove anos até se concretizar e que iria “constituir uma referência inspiradora para a transformação da cidade”.
Para o primeiro-ministro, o processo da Expo/98 serviu também como um excelente exemplo para a “construção de consensos”, considerando António Costa que esta “foi uma conjugação muito feliz” porque na altura, como assinalou, o Governo era do PSD, enquanto a Câmara Municipal de Lisboa era liderada por uma coligação do PS com o PCP.
Para António Costa, a Expo/98, “a última grande exposição mundial do século XX”, não só se traduziu num enorme sucesso, como permitiu transformar e requalificar a zona oriental de Lisboa e revolucionar a cidade”, tendo criado “uma nova e nobre centralidade”, facto que não deixou de constituir “mais uma lição de Portugal ao mundo”.
Dinâmicas habitacionais e urbanísticas
Referindo-se ao presente e às novas dinâmicas habitacionais e urbanísticas da cidade, António Costa começou por lamentar as dificuldades que sobretudo os mais jovens têm hoje em conseguir encontrar uma habitação, sobretudo em Lisboa ou no Porto, alertando ainda para o facto de os centros das cidades, com a procura imensa a que têm estado sujeitas, designadamente por parte de estrangeiros, não poderem ser transformados em “Disneylândias para adultos”, havendo por isso, como sustentou, que manter a “diversidade das cidades”, não só recorrendo à reabilitação do património físico, mas não deixando também de olhar para as “vivências das pessoas que lá habitam”.
Identificar as dificuldades
O líder socialista, nesta entrevista ao “Público”, identificou algumas razões que no seu ponto de vista constituem fenómenos que estão a acontecer na capital, destacando, entre outros, o caso dos chamados “vistos gold”, com o correspondente mecanismo fiscal para os não-residentes ou, ainda, a imagem internacional de segurança que a cidade projeta, não esquecendo o turismo que para António Costa assume hoje um dos papéis mais “importantes para a cidade” e mesmo para “o conjunto da economia do país”.
Para o primeiro-ministro, hoje já ninguém tem dúvidas ou sequer coloca em causa que o turismo, nomeadamente nas duas grandes cidades, Lisboa e Porto, “veio para ficar”, sustentando que “não é proibindo, como se fez com o congelamento das rendas”, que se poderá encontrar as soluções mais adequadas para responder ao problema da habitação.
Ao falar da sua nova política para a habitação centrada na reabilitação, António Costa mostra-se muito focado em criar um arrendamento acessível para a classe média, para os jovens que estão a começar a sua vida independente, a geração que deu título à moção política Geração 20/30, que levará agora ao 22.º Congresso do PS.