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A CIDADANIA E O JOGO DO MEDO

A CIDADANIA E O JOGO DO MEDO

A estrutura das Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos (MS-ID) assinalou o Dia Internacional dos Direitos com uma Conferência intitulada “A Cidadania e o Jogo do Medo”, uma iniciativa que reuniu nomes como João Costa, Maria João Cardona, David Rodrigues e Rosário Gambôa, para debaterem o exercício do direito à Cidadania.

 

Tendo como pano de fundo a necessidade de combater os extremismos e todas as formas de violência que lhe estão associadas, Elza Pais, presidente nacional das MS-ID, sublinhou a importância de manter ativa a luta contra o populismo, “que se alimenta justamente do medo para manipular sentimentos e criar um caldo de cultura de violência”.

Após a intervenção da líder das Mulheres Socialistas, coube a João Costa, ex-ministro da Educação, defender o direito à educação e à cidadania. Convidado como orador principal para esta Conferência, João Costa explicou que “este chavão que agora se utiliza, no sentido de dizer que há marcas ideológicas na educação que é prestada às crianças, é um chavão que tem vindo a dar a volta ao Mundo, já que começou no Brasil de Bolsonaro”. João Costa explicou que “a extrema-direita não quer saber se a disciplina de cidadania ensina sobre prevenção rodoviária, hábitos alimentares saudáveis ou sobre defesa do meio ambiente; a extrema-direita preocupa-se com três coisas: educação sexual, igualdade de género e multiculturalismo”. Na opinião do especialista em Educação, retirar estes temas da escola constitui, “isso sim, uma amarra ideológica muito maior do que trazê-los para o debate e para o espaço da educação”.

Alexandra Tavares de Moura, secretária nacional das MS-ID, foi a moderadora do debate que se seguiu, que contou com a participação de Maria João Cardona, professora universitária, que explicou como “a base do sistema educativo assenta na educação para a cidadania”. David Rodrigues, também docente universitário e especialista em inclusão, abordou a educação e a cidadania de um ponto de vista histórico, lembrando que “a geração mais educada de sempre, na década de 40, na Europa, foi a que fez Auschwitz”, a que aderiu à ideologia dos campos de concentração nazis. David Rodrigues, que também integra o Conselho Estratégico Nacional para a igualdade, deixou várias questões, destacando uma pergunta: “porque é que se incomodam tanto com a educação para a Cidadania e para os Direitos Humanos?”.

Rosário Gambôa, deputada e vice-presidente das PES Women, trouxe para o debate o problema da proliferação do discurso da extrema-direita, estranhando “a forma como a própria direita, que costuma dizer-se moderada, se apropria desse discurso, procurando ir ao encontro do eleitorado”. Rosário Gambôa classifica este fenómeno como “altamente preocupante”, tanto mais que “tem um eco tremendo na comunicação social sem que se perceba porquê”.

Com estas preocupações na agenda, Alexandra Tavares de Moura destacou uma nota de David Rodrigues, que lembrou a forma como Mussolini se afirmou, adotando como programa político “o que as pessoas diziam na rua”. Por isso, a ex-deputada considerou que “a arte do populismo é dar respostas simples a problemas complexos”.

A conferência decorreu na sede nacional do Partido Socialista e foi transmitida online, na página de Facebook das Mulheres Socialistas.

 

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