No encontro em Braga, sob o lema ‘A Caminho de Hannover’, o primeiro de três encontros previstos no âmbito da participação de Portugal na maior feira industrial do mundo, naquela cidadã alemã, o primeiro-ministro apelou aos muitos empresários presentes para que mantenham e aprofundem a decisão que tomaram durante o período crítico da crise pandémica de Covid-19, quando foram capazes de voltar a “recuperar a capacidade de produzir muitos dos produtos que tinham deslocalizado para outras geografias”, lembrando que um número significativo de empresas nacionais voltaram a testemunhar a vantagem de Portugal “ser ainda um país onde o saber fazer certos produtos foi e é absolutamente fundamental”.
De acordo com António Costa, foi claro o entendimento de todos os países europeus, durante a pandemia, de que tinham de responder a esta contrariedade reorganizando a sua indústria, apostando, designadamente, na fabricação de utensílios tão simples, “mas tão necessários”, como máscaras para “nos protegermos de um vírus”, um passo que parecia tão difícil e distante da indústria europeia, num continente “onde se constroem foguetões para ir ao espaço”.
Quanto a Portugal, o chefe do Governo disse não ter dúvidas que o país tem “a mais absoluta necessidade” de reorganizar as suas próprias cadeias de valor, aproveitando a oportunidade, como salientou, de o país poder posicionar-se como uma “importante plataforma europeia no esforço de reindustrialização à escala global”.
Das várias intervenções feitas pelos empresários neste encontro, o primeiro-ministro corroborou o facto de Portugal dispor hoje de “excelentes condições” para desenvolver não só a produção, mas também todo o ‘software’ capaz de suportar essa produção, assim como “o controlo e a otimização dessa produção e a melhoria da produtividade”.
Existem em Portugal, lembrou ainda o líder do Governo, indústrias com capacidade para “produzir com qualidade” bens para outras unidades industriais e bens de consumo final, assim como unidades industriais tecnologicamente avançadas e habilitadas a “desenvolver soluções de produção e de gestão para outras empresas”, salientando que não é por Portugal passar a ser conhecido, como se deseja, como um país com uma indústria pujante e competitiva, que se deve desvalorizar outros dos predicados que também possui.
“O que nós temos que mostrar é que somos muito mais do que aquilo que os outros já sabem que nós somos”, defendeu.
A ‘Hannover Messe 22’, o maior certame industrial do mundo, que António Costa inaugura no próximo dia 30 de maio, juntamente com o seu homólogo alemão, Olaf Scholz, escolheu Portugal como país parceiro da edição deste ano, tendo como um dos lemas ‘Portugal Makes Sense’.
Na preparação do evento, o primeiro-ministro vai reunir-se com os empresários portugueses participantes na Feira, num conjunto de encontros sob a designação ‘A Caminho de Hannover’. A este primeiro encontro, em Braga, irão seguir-se duas outras iniciativas, em Aveiro e Sintra, nos dias 18 e 24 de maio, respetivamente.