A austeridade está a matar a confiança dos cidadãos no projeto político que é a Europa.
O secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, afirmou este sábado em Badajoz, num encontro transfronteiriço que juntou delegações nacionais e regionais do PS e PSOE, que a política dominante na Europa está a “matar” a confiança dos cidadãos no projeto europeu, lamentando que o euro só contribua para o desenvolvimento de cinco países.
“O euro não pode ser só uma moeda comum, tem que ser uma moeda que dê resultados positivos para todos e não seja uma moeda que contribuiu só para o desenvolvimento de cinco países e dificulta a competitividade e o crescimento em todos os outros países”, defendendo que a moeda única deve ser “acompanhada por mais coesão, por mais convergência económica”.
Para o secretário-geral do PS, a Europa vive ainda outro problema que passa pela resposta que dá à crise do euro, considerando ser uma resposta que está a “fracassar” e que a austeridade “não é a resposta”.
“Não é resposta na Grécia, não é resposta em Espanha, não é resposta em Portugal, não é resposta em Itália, não é resposta em França, não é resposta em sítio nenhum e é por isso que temos que mudar”, disse.
António Costa falou ainda do périplo que o governo grego está a desenvolver pela Europa e fez questão de frisar que o problema daquele país é um problema de todos os países da zona euro.
“Fui lendo ao longo desta semana que há uma negociação entre a Europa e a Grécia, que há um braço de ferro entre a Europa e a Grécia, mas é preciso dizer com muita clareza o seguinte: não há um problema grego, há um problema europeu, um problema comum a todos nós e é um problema que todos nós, em conjunto, temos que resolver”, declarou.
O líder socialista defendeu que “só haverá mudança a sério na Europa” quando também houver mudança nos governos de direita.
A mesma opinião é partilhada pelo líder do PSOE, Pedro Sanchéz, que alertou que em Espanha “há fome de mudança”.
No plano bilateral, ambos os líderes destacaram as boas relações entre as regiões raianas, sublinhando, o secretário-geral do PS a importância, de uma futura ligação ferroviária entre Sines e Badajoz.
“Badajoz não está no interior, não. Badajoz está a meio caminho entre o mediterrâneo e o atlântico, mas para que isto seja verdade é necessário que entre Badajoz e o nosso porto de Sines exista uma ligação ferroviária para mercadorias, que permita uma boa ligação de Badajoz ao mundo”, disse.
“É juntos que temos que melhorar a interconexão das nossas redes de energia às redes europeias, porque podemos com isso melhorar a segurança energética da Europa e podemos oferecer à Europa mais e melhor energia, energia renovável, dos nossos rios, do nosso vento e do nosso sol”, acrescentou.
Para António Costa, com o fim das fronteiras, surgiu uma “oportunidade única” para que Portugal e Espanha possam desenvolver um trabalho em comum, dando como exemplo o Alentejo e a Extremadura espanhola.
Costa quer que estas duas regiões “deixem de ser interior” e passem a ser uma “plataforma comum” no centro da Península Ibérica e uma “plataforma comum de desenvolvimento, prosperidade e criação de riqueza”.
O evento em Badajoz reuniu cerca de 1500 militantes e simpatizantes do PS e PSOE.
“Nós somos a mudança. Juntos vamos fazer a mudança. Juntos fá-la-emos”, afirmou António Costa no final da sua intervenção.