À saída da reunião que manteve, esta manhã, no Funchal, com o representante da República na Madeira, Irineu Barreto, o presidente da estrutura regional socialista defendeu ser urgente que o Presidente da República dissolva o Parlamento madeirense e convoque eleições “o mais rápido possível”, dentro do calendário permitido pela lei.
“Neste ponto em que nos encontramos, parece-nos que não há qualquer condição, no atual quadro parlamentar, para outra solução e, portanto, na nossa opinião, devemos realizar eleições”, afirmou Paulo Cafôfo, destacando a urgência de uma mudança política para resolver os problemas que se acumularam devido à má gestão do PSD.
Insistindo na necessidade de avançar sem demora para novas legislativas regionais, o líder dos socialistas madeirenses destacou o papel decisivo dos cidadãos na etapa que se perspetiva.
“Nós estamos preparados para governar, preparados para ser a esperança da Região e dos madeirenses”, enfatizou Cafôfo, reiterando de seguida que “o poder está mesmo nas pessoas”, sendo agora preciso “dar força ao PS para garantirmos uma mudança na Madeira, sem revolução, mas com evolução”.
Ao reiterar que só uma viragem política pode “salvar a região do estado em que se encontra”, apontou também que os partidos da oposição têm de, em algum momento, chegar a entendimentos para derrubar Miguel Albuquerque.
“Nós queremos resolver os problemas que o PSD não conseguiu resolver durante 50 anos, num novo quadro, com outras condições, ambição, dinâmica e força”, afiançou depois Paulo Cafôfo, perante os jornalistas, numa ocasião em que evidenciou a fragilidade da liderança do executivo regional e a falta de responsabilidade política dos partidos envolvidos na atual governação.
Criticando fortemente a gestão do PSD, secundada pelo CDS, o líder do PS/Madeira referiu-se aos impactos negativos que esta tem tido na vida dos madeirenses.
“Queixam-se do orçamento, mas o orçamento não é culpado. Por exemplo, as casas de saúde mental estão há mais de quatro meses sem receber os pagamentos protocolados, colocando em risco a saúde dos utentes e a estabilidade das instituições. Também a farmácia do hospital enfrenta dificuldades, com falta de medicamentos, afetando até doentes oncológicos. Isto não tem a ver com o orçamento, mas com incompetência”, denunciou Paulo Cafôfo.
A presente crise política na Madeira teve o seu ponto crítico, esta semana, com a aprovação da moção de censura ao executivo madeirense, que recolheu os votos a favor do PS e restante oposição.
Antes, em 9 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a Região entra no novo ano em regime de duodécimos.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, situação inédita na Madeira, implicou a queda da XV Governo Regional, que estava em funções desde junho passado.