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Presidência portuguesa tudo fará para que a ‘bazuca’ europeia chegue às economias até junho

Presidência portuguesa tudo fará para que a ‘bazuca’ europeia chegue às economias até junho

Segundo o primeiro-ministro, o PIB português terá caído em 2020, por causa da crise pandémica, cerca de 15 mil milhões de euros, garantindo que a forma expedita de minimizar esta realidade passa em grande medida por pôr a “bazuca europeia a disparar o dinheiro até junho”.

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Presidência portuguesa tudo fará para que a ‘bazuca’ europeia chegue às economias até junho

Na entrevista que ontem concedeu à TVI, o primeiro-ministro depois de reafirmar que esta é uma crise económica “à escala global”, muito diferente, como sublinhou, do que aconteceu na crise anterior, elogiou o “extraordinário esforço das empresas” que têm mostrado “muito maior resiliência” do que se “temia no início desta crise”, reconhecendo, contudo, que muitos contratos a prazo “foram infelizmente afetados pelo impacto da crise”.

Se a quebra do produto em 2020, segundo a estimativa do Governo, se deve situar em cerca de 15 mil milhões de euros, já as ajudas do Estado às empresas e às famílias somam, nas suas diversas modalidades, “entre aumento de despesa e queda de receitas”, cerca de 22,9 mil milhões de euros, garantindo que o Governo “vai duplicar” os apoios de forma a auxiliar as empresas “que agora temos que encerrar”.

De acordo com o chefe do executivo, um dos setores que também vai sofrer de novo com este recente encerramento é o da Cultura, provavelmente “um dos que mais duramente será atingido”, tendo o primeiro-ministro anunciado que a ministra Graça Fonseca apresentou um programa superior a 42 milhões de euros para “apoiar diversas situações” na área cultural. Neste contexto, António Costa voltou a referir que a “raiz da atual crise não está na economia, mas antes, na saúde”, facto que em sua opinião afasta a teoria de alguns que pensam que poderão passar por esta pandemia apenas e só com “danos na saúde e nas vidas”, esquecendo o impacto que a crise está a ter na economia e no emprego.

Antes de 2022, referiu o primeiro-ministro, por causa desta crise pandémica, só muito dificilmente Portugal conseguirá voltar “ao ponto em que estávamos em 2019”, um cenário que significa, como adiantou, “três anos perdidos”, voltando a insistir que uma das prioridades da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia “é conseguir pôr neste semestre a famosa bazuca a disparar”, ou seja, “pôr o dinheiro a chegar efetivamente às economias dos diferentes Estados-membros”.

O primeiro-ministro fez também questão de lembrar que Portugal entrou na atual crise, resultante da pandemia, “em melhores condições do que na anterior”, graças “à boa gestão orçamental de 2019” e ao contributo decisivo que desta vez a União Europeia deu, em contraste com a posição que assumiu na crise anterior de 2008, factos que permitem que o país possa hoje encarar com “confiança a situação que temos pela frente”, sendo disto exemplo o facto de Portugal ter conseguido na passada quarta-feira “uma emissão de dívida histórica”.

Quanto ao recolher domiciliário, o primeiro-ministro voltou a garantir que o Governo fez todos os possíveis para “evitar este novo confinamento geral”, admitindo que as medidas menos restritivas no período de Natal “motivaram comportamentos menos restritivos” e que certamente “estão entre os fatores que causaram a expansão da epidemia”. Defendendo, contudo, que o país foi capaz de ir resistindo à segunda onda de Covid-19 “através de confinamentos sobretudo aos fins de semana”, António Costa reafirmou que o crescimento do número de infetados não é apenas um fenómeno português, já que ele se verifica igualmente nos restantes países europeus.

A memória curta do PSD

O primeiro-ministro reagiu depois ao que chamou ser a “memória curta do PSD”, quando há apenas uma semana defendia que o horário dos restaurantes aos sábados e domingos devia ser alargado da uma da tarde às três e meia.

“Para quem não está ao volante, é muito fácil dar palpites. Há 15 dias a discussão não era sobre qual a razão para não fechar já, mas era sobre a razão de não abrir mais. Convido a ver as declarações que o líder da oposição [Rui Rio] fez”, acrescentou.

António Costa garantiu também que o Governo não tem “qualquer bloqueio ideológico” na opção de recorrer aos setores privado e social da saúde, lamentando que haja ainda quem insista “neste jogo”, dando disso exemplo o facto de em Lisboa o grupo CUF já ter “disponibilizado 20 camas”, verificando, contudo, que outros dois grupos da região da capital ainda não o fizeram, garantindo que quer no Norte, quer no Centro do país, esta questão dos acordos entre o público e os privados está resolvida e já no terreno.

Em relação à vacinação, o primeiro-ministro defendeu que o processo está a decorrer como previsto, “com grande tranquilidade e normalidade”, garantindo que todas as vacinas que têm chegado a Portugal têm sido “imediatamente distribuídas e aplicadas”, e lembrando que as que estão por aplicar “são as que nós temos de manter de reserva para a segunda dose”.