“A democracia é algo que é absolutamente fundamental para todos nós socialistas, mas é importante ter presente que a democracia está em risco em muitos Estados-membros da União Europeia e que mesmo em Portugal aquilo a que assistimos é a um crescimento nas últimas eleições da extrema-direita”, afirmou João Torres, intervindo na conferência que assinalou o 30º aniversário do PES Women e que decorreu na passada sexta-feira, na sede nacional do PS, em Lisboa.
O ‘número dois’ da direção socialista, um dos vários oradores participantes na conferência, referiu que Portugal assiste também a “uma radicalização dos discursos da direita democrática, que se aproxima muitas vezes na sua ação da extrema-direita, naquele que é o conteúdo essencial da sua mensagem política”.
Por isso, João Torres fez um apelo “às mulheres socialistas europeias e em Portugal” para que “cerrem fileiras em prol dos avanços nos direitos, na igualdade” e na defesa da democracia, lembrando que no próximo ano se assinalam os 50 anos desde o 25 de Abril de 1974.
O dirigente socialista defendeu, de igual modo, que é necessário garantir o direito à efetiva ascensão das mulheres a cargos de liderança política, enaltecendo, a este propósito, o “esforço coletivo” que tem sido realizado pelo Partido Socialista para “promover, permitir, habilitar e empoderar as mulheres para que possam desempenhar mais e mais cargos de liderança”, um legado que foi também apontado pela líder das mulheres socialistas europeias.
“Se não respeitarmos o passado não temos qualquer futuro. É por isso que eu acredito que é importante mencionar o nome de uma das mulheres fundadoras do PS, Maria Barroso, que não era apenas uma mulher presente entre os fundadores, mas que foi uma inspiração para mulheres durante décadas”, salientou Zita Gurmai.
No final da sua intervenção, João Torres mostrou-se ainda confiante num “magnífico resultado” nas eleições europeias de 2024, ideia também deixada pela presidente do PES Women e pela presidente das Mulheres Socialistas (MS-ID) em Portugal, Elza Pais, que apelou a uma “Europa socialista e feminista” e pediu “todas as forças” para vencer as europeias no próximo ano.
Desafios à democracia exigem coragem, clareza e comprometimento
Os trabalhos da conferência, que incluíram dois painéis de debate, contaram ainda com uma mensagem de vídeo do presidente do PS, Carlos César, que alertou também para “os riscos que hoje impendem sobre as democracias”, um desafio que exige “clareza, empenho e comprometimento dos democratas”.
“Nestes tempos de excecionais exigências, os socialistas democráticos, sem perda da sua identidade ideológica, têm de se revigorar como obstáculos a esses desvios e como agregadores de novas maiorias políticas, capazes de barrar os caminhos aos extremismos e centradas no reforço e não no condicionamento das democracias. São desafios que requerem a coragem e a inovação que não nos podem faltar”, preconizou.
Na sua mensagem, Carlos César realçou que em Portugal e na Europa têm sido dados “passos significativos nas matérias que mais se prendem com os direitos humanos e, em especial, os direitos e oportunidades das mulheres”, observando, contudo, que “subsistem casos em que esses avanços são escassos ou incompletos”.
“Isso quer dizer que o trabalho das Mulheres Socialistas não só é necessário como não pode nem deve abrandar na concretização de essas e de outras mudanças”, sustentou, defendendo, a título de exemplo, a importância de reforçar, à escala institucional europeia, “a participação das organizações de mulheres, tal como as dos jovens, como instâncias obrigatórias nos processos europeus correlacionados de auscultação e de decisão”.