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25 de Abril. “Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade”

25 de Abril. “Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade”

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Acção socialista

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O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

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“Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos

reinaram neste pais,

e conta de tantos danos,

de tantos crimes e enganos,

chegava até à raiz.

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram sem ver

o dia do despertar!

Tantos sem poder saber

com que letras escrever,

com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério

toda prisão ou censura,

e o poder feito galdério.

sem limite e sem cautério,

todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,

esses pobres sem futuro,

essa emigração medonha,

e a tristeza uma peçonha

envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?

É verde. verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar

gastando as armas e a gente,

esse morrer e matar

sem sinal de se acabar

por politica demente.

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo

o nome de Portugal,

essa amargura sem fundo,

só miséria sem segundo,

só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos

durou esta eternidade,

numa sombra de gusanos

e em negócios de ciganos,

entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?

E verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,

sai o povo logo atrás:

estala enfim altiva e nua,

com força que não recua,

a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.”

 

Jorge de Sena

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