Unidade em torno da solução de Governo do PS
Falando no final da Comissão Nacional, que durou cerca de quatro horas, o Secretário-geral do PS destacou a aprovação por ampla maioria da proposta de programa, salientando que “significa que há uma unidade muito grande no PS em torno da solução que está a ser construída”.
“Isso, em si, é um fator muito positivo, porque esta solução de formação de um Governo exige estabilidade e requer que exista no horizonte de uma legislatura. Nestas circunstâncias, esta solução precisa naturalmente de um apoio muito claro do PS. Na Comissão Nacional do PS houve um debate muito enriquecedor”, acrescentou.
No discurso de abertura do órgão máximo entre congressos, aberto à Comunicação Social, António Costa defendeu que a última coisa que o PS poderia fazer era viabilizar um Governo minoritário de direita, pela primeira vez na História da democracia portuguesa, e não se esforçar por criar uma alternativa.
“Depois daquilo que os portugueses disseram nas urnas, a última coisa que o PS poderia fazer era viabilizar um executivo de direita, sem que se esforçasse por criar uma alternativa”.
O líder socialista sustentou que o PS, na sequência das eleições legislativas, “em que não atingiu os seus objetivos, fez aquilo que lhe cabia fazer”.
Ou seja, explicou, o PS rejeitou a via “de se colocar na posição passiva de ser mera oposição a um Governo minoritário, ficando na posição cínica, que muitas vezes tem sido recomendada, de estar à espera que a direita fique mais uns meses no poder para se estender ao comprido, altura em que será mais fácil derrubá-la”.
Estar na política com responsabilidade
Acrescentando que “não podemos estar na política com essa visão cínica, temos de estar na política com a responsabilidade de sermos capazes de assumir as funções governativas nas boas e más horas, independentemente da facilidade ou da dificuldade das condições que se apresentam ao país”.
António Costa defendeu ainda não fazer sentido 40 anos depois do 25 de novembro de 1975 e 25 anos depois da queda do Muro de Berlim “considerar que aquilo que foi o grande combate do PS nas urnas e nas ruas contra o PCP continua a ser a clivagem fundamental na sociedade portuguesa. É preciso pôr termo ao último resquício do PREC (Processo Revolucionário em Curso)”.
Para o Secretário-geral do PS, “a grande batalha dos dias de hoje relaciona-se com a viragem da página de austeridade”.
Por outro lado, reiterou que são tão legítimos os governos formados por coligação pré-eleitoral como os formados por acordos pós-eleitorais e tão legítimo o seu compromisso com a esquerda como o de Passos e Portas em 2011.
António Costa relembrou que, em sucessivas intervenções políticas, desde que chegou à liderança do PS, sempre recusou a ideia de “arco da governação”, no qual só cabiam o PS e os partidos da direita, adiantando que “um Governo pós-eleitoral que se faça agora na Assembleia da República é tão legítimo como o acordo de Governo pós-eleitoral que se fez na anterior legislatura entre PSD e CDS”.