União Europeia pode avançar com geometrias variáveis
Portugal e França têm vindo a defender nas instâncias europeias posições muito semelhantes quanto aos caminhos que a União Europeia deve trilhar de futuro. Tanto o primeiro-ministro António Costa, como o Presidente francês, Emmanuel Macron, têm defendido opiniões muito próximas nas diversas intervenções nas instâncias europeias não só quanto à necessária reforma da zona euro, mas também quanto à criação de um orçamento comunitário para o qual ambos reivindicam maior ambição por parte da União Europeia pós 2020.
Antes de um almoço conjunto, António Costa e Emmanuel Macron participaram num debate sobre o futuro da Europa na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde o primeiro-ministro português começou por defender que Portugal tem de “estar no núcleo duro” da Europa, para depois sustentar que a União Europeia deve avançar com “geometrias variáveis” quanto aos processos de integração, justificando que os 27 Estados-membros “não se devem bloquear entre si”.
Nesta conferência sobre o futuro da Europa, intitulada “Encontro com cidadãos”, o primeiro-ministro António Costa, para além de ter preconizado este posicionamento estratégico para Portugal no quadro da União Europeia, defendeu ainda o chamado eixo franco-alemão, designando-o como “essencial para o bom funcionamento da União entre os 27 Estados-membros”.
Paz e prosperidade na Europa só é possível, segundo o chefe do Executivo português, com uma boa relação entre a França e a Alemanha, recordando António Costa que os factos históricos justificam esta tese “como as principais guerras na Europa contemporânea nos lembram”, por terem sido precisamente “travadas entre a França e a Alemanha”.
Dinâmicas diversas
Na sua intervenção, o primeiro-ministro aludiu ainda ao facto de que seria um erro se os responsáveis europeus viessem a “ignorar as diversas dinâmicas” que existem na Europa, lembrando a propósito Schengen ou a zona euro, partindo daqui António Costa para a tese de que o futuro da União Europeia pode e deve poder avançar dentro de uma “geometria variável”, podendo ser este até um “fator de união”, já que os países, como advogou, “têm absoluta consciência do que podem ou não fazer para avançar”, sendo pelo contrário “muito negativo” que nos “andemos a bloquear uns aos outros em confrontações desnecessárias o que é mau para todos”.
Para o primeiro-ministro, Portugal “tem ganho sempre” em estar no “núcleo duro” ou no centro do processo de integração europeia, “porque é isso que reforça a nossa própria especificidade”, sustentando ser fundamental que todas as reformas de cooperação reforçada no âmbito da União Europeia “sejam inclusivas e não exclusivas” de Estados-membros.