União Europeia condena a ofensiva militar turca na Síria
A “firme condenação” da União Europeia à presente ofensiva militar da Turquia no nordeste da Síria tem, para o ministro dos Negócios Estrangeiros, um significado ainda maior pelo facto de a Turquia ser candidata a aderir ao bloco comunitário.
Em declarações no final da reunião que ontem juntou no Luxemburgo os ministros dos negócios estrangeiros europeus, o chefe da diplomacia portuguesa foi claro ao considerar que a decisão firme da União Europeia de condenar a Turquia pela ofensiva militar no nordeste da Síria, a pretexto de estancar a progressão das milícias curdas e aí estabelecer uma zona tampão de segurança, tem “ainda maior significado” porquanto a Turquia, como acentuou, é não só uma “aliada no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte”, mas também candidata a integrar a União Europeia.
Para Augusto Santos Silva, esta ofensiva é unanimemente considerada como uma real “ameaça à segurança europeia”, razão pela qual os ministros dos negócios estrangeiros europeus tomaram a decisão de pedir a rápida convocação de uma reunião ministerial da coligação internacional contra o Daesh, da qual a Turquia faz parte, para que deste encontro ao mais alto nível saia a decisão imediata de suspender a venda de armas a Ancara, uma deliberação que, como realçou, deverá estar de “acordo com as legislações nacionais dos respetivos países”.
Esperando que a Turquia “acate o apelo europeu” no sentido de cessar de imediato a ofensiva militar contra as forças curdas no nordeste da Síria, o ministro português não deixou, contudo, de acrescentar que a União Europeia não quis ficar apenas pelo simples apelo, tendo decidido igualmente avançar com “decisões práticas” que, na perspetiva de Santos Silva, poderão contribuir para que as autoridades turcas se convençam de que “o custo em que incorrem”, caso persistam em manter esta ação militar, poderá ser bastante penalizador.
Violação das leis internacionais
O ministro dos Negócios Estrangeiros acrescentou ainda que esta ação militar turca configura também uma clara “violação da lei internacional”, uma vez que “põe em causa a integridade territorial da Síria” e o próprio processo político por que passa aquele país depois de uma guerra devastadora, para além de “ignorar as obrigações que todos temos em matéria de lei internacional humanitária”.
O ministro considerou ainda que a ação militar turca constitui um “revés para a luta internacional contra o terrorismo”, na qual, aliás, como lembrou, as forças curdas “foram aliadas seguras e na linha da frente da coligação internacional anti-Daesh”, da qual também Portugal faz parte.