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UMA POLÍTICA EXTERNA SÓLIDA, COERENTE E EFICAZ

UMA POLÍTICA EXTERNA SÓLIDA, COERENTE E EFICAZ

A política externa de um país não pode ser uma manta de retalhos feita de intenções avulsas para cada um dos domínios em que devemos eventualmente ter alguma intervenção no globo, como foi o caso do anterior Governo, em que o foguetório de Paulo Portas em torno da diplomacia económica deu lugar a uma ação apagada do ministro Rui Machete, que só ocasionalmente ganhou visibilidade quando era cometida alguma gaffe.

Opinião de:

UMA POLÍTICA EXTERNA SÓLIDA, COERENTE E EFICAZ

A política externa necessita, em primeiro lugar, de uma visão estratégica e de uma coerência em relação à nossa história, numa perspetiva integradora dos vários domínios que a compõem, designadamente a nível bilateral e multilateral, nas matérias europeias, na cooperação para o desenvolvimento e nas comunidades portuguesas. A estas vertentes tradicionais, o governo liderado por António Costa acrescentou uma inovação, que foi a internacionalização da economia, que tanto deve servir a dimensão interna como o relevante universo dos empresários portugueses ou de origem portuguesa espalhados pelo mundo.

Foi precisamente esta visão sólida, coerente e integrada, tendo como pano de fundo o legado cultural e humano que os portugueses foram deixando ao longo de século nos cinco continentes, que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, apresentou no seminário diplomático, onde no início de cada ano são apresentadas as linhas de orientação da política externa portuguesa aos diplomatas. 

Com efeito, se alguma coisa caracterizou o anterior Governo foi a brutal supressão de recursos humanos e a diminuição dos meios de funcionamento das embaixadas e consulados, causando um enorme prejuízo à nossa capacidade de afirmação externa e uma situação insustentável no atendimento aos consular, desde logo porque os funcionários foram reduzidos a metade na grande maioria dos postos e o trabalho quase duplicou devido ao brutal aumento da emigração.

É preciso, portanto, reorientar a nossa política externa, não apenas colmatando as fragilidades causadas pelas anteriores orientações, mas também tirando partido dos nossos principais trunfos, que são a nossa história, a Língua e a cultura que ao longo de século fomos deixando pelo mundo, como âncoras que testemunham a presença portuguesa e o humanismo que lhe é inerente. Com efeito, o humanismo português potenciou o nosso universalismo e este constitui a essência do nosso cosmopolitismo, para referir alguns dos conceitos invocados pelo ministro Santos Silva no seminário diplomático.

Uma boa e eficaz diplomacia verifica-se quando assumimos sem complexos aquilo que nos caracteriza, aquilo que nos singulariza face aos outros, sem que isto signifique que somo mais ou menos, mão tão só que somos diferentes, como cada país e cada povo é, marcado pela sua alteridade, para o bem e para o mal.

E aqui encontramos o nosso principal trunfo, que o ministro muito bem enunciou. E é precisamente neste contexto que reside a visão estratégica da nossa política externa agora apresentada, tendo em consideração aquilo que somos como nação e como povo e a partir de onde se deve construir uma diplomacia que é política, mas também económica, cultural e linguística. Com efeito, a Língua portuguesa é um dos nossos maiores trunfos, potenciado não apenas pelo universo da lusofonia, mas também pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, elas próprias fundamentais na sua promoção e difusão. A Língua portuguesa não é apenas falada nos países membros da CPLP, mas também em todo o mundo onde existe concentração de comunidades portuguesas, o que acontece em mais de 140 países.

Temos, portanto, a ambição de regresso à política externa portuguesa. E ainda bem, porque nada melhor que uma política externa ambiciosa para retirar o país do pessimismo e da descrença em que tão facilmente costuma mergulhar.