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Uma guerra também dentro do Islão

Uma guerra também dentro do Islão

O Mediterrâneo é um berço de civilizações e o centro nevrálgico das três religiões monoteístas que modelaram a Cultura da Humanidade da maior parte do planeta. Todas as três defendem valores intrínsecos do Bem sobre o mal. Todas elevam o Homem sobre a barbárie.

Opinião de:

Uma guerra também dentro do Islão

É por isso que é imprescindível construir sobre a nossa herança comum, através dos instrumentos democráticos – parlamentares, diplomáticos e sob a égide das organizações internacionais – uma frente de combate para a paz e para os valores da Humanidade que honre todos quantos morreram a defender os Direitos Humanos ao longo da História, tivessem eles a forma jurídica do século XX ou a formulação moral da relação do Homem com o seu Deus.

Nunca, em toda a sua milenar história de conflitos territoriais e religiosos, conquistas, intrusões do ocidente e do extremo-oriente, imposição de culturas e subjugação coloniais, o nível de violência e radicalismo político-religioso no mediterrâneo atingiu a dimensão global que hoje tem, extravasando largamente o perímetro regional – pan-europeu e mediterrânico – chegando a todo o planeta onde haja interesses das partes conflituantes: muçulmanos, cristãos, palestinianos, israelitas, americanos, russos, turcos, franceses, alemães…

A Síria e o Iraque enfrentam o DAESH, com a cidade mártir Alepo a mostrar-nos as suas vítimas, noite após noite, nos nossos confortáveis sofás perante a TV, a Líbia luta para reerguer condições mínimas de um Estado funcional, o processo de paz Israelo-palestiniano não tem visto quaisquer progressos.  

Muitos governos são forçados a adotar medidas de proteção que são claramente redutoras dos Direitos Humanos, as hordas de refugiados e migrantes são avassaladoras, o terrorismo avança, o medo impera. 

A Europa sente-se acossada nas suas fronteiras. Sem respostas cabais para um problema que exige a colaboração de alguns ausentes neste desafio – como a Arábia Saudita e os EUA, por exemplo – esquece-se de que precisa de emigrantes, de pessoas, de pulsar multicultural para se manter ativa e renovada. Mas o medo impera.

Por outro lado, os países onde a emigração de muçulmanos ou o acolhimento de refugiados tem maior tradição, tem sido fustigada por atentados terroristas cobardes e inqualificáveis, como França, Bélgica e, ontem, a Alemanha.

Onde estão os líderes religiosos do Islão, que deveriam estar, diariamente nos media, a desmentir a fundamentação religiosa do DAESH? Onde estão os mesmos que, quando querem, decidem a shariah e que timidamente afirmam que o Islão é uma religião de Paz? São esses que deviam vir publica e exaustivamente retirar credibilidade à essência religiosa do radicalismo islâmico.  É responsabilidade dos muçulmanos garantir a respeitabilidade da sua religião. Julgo que não o estão a fazer com suficientes esforços.  

A Europa comete erros, especialmente os últimos países que integraram a UE. Os EUA também, muitos. E temo que muitos mais com Donald Trump.  

Mas o Ocidente precisa urgentemente da ajuda do mundo islâmico, aquele que pratica o verdadeiro Islão. Só eles podem desmascarar a bandeira argumentativa dos extremistas-terroristas.

Se gastássemos os mesmos meios – esforços e dinheiro – no combate à ignorância como gastamos na guerra, talvez o mundo estivesse em maior segurança.