Um novo começo
Depois dos enormes sacrifícios exigidos à maioria dos portugueses, a verdade é que estas políticas não só não responderam aos problemas económicos estruturais do país como os agravaram. E, é por isso, que hoje é preciso construir estrategicamente uma visão de conjunto para a economia e a sociedade portuguesa. Acima de tudo uma estratégia que estimule o rendimento disponível das famílias e permita às pessoas recuperar expetativas em vários domínios da nossa vida, desde o emprego ao funcionamento dos serviços públicos, em especial a saúde e a escola pública, assim como o sistema público de segurança social.
Este é um tempo de excecional desafio em matéria social, exigindo uma atitude coletiva que dê esperança aos portugueses e que seja, simultaneamente, uma garantia de estabilidade, fundamental para resolver os seus problemas. A história de um país é feita de uma luta contínua entre a resignação e a superação e hoje, mais do nunca, é necessária uma atitude que combata o desalento instalado e confira esperança ao quotidiano de muitas pessoas e famílias. Deste modo, considerando o preocupante aumento quer das assimetrias sociais quer territoriais em Portugal, importa designadamente, melhorar os serviços públicos de saúde e educação ou, em matéria sociolaboral, propor um combate à precariedade e um reforço dos poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho, assim como apresentar, em sede de concertação social, uma trajetória de aumento do salário mínimo nacional.
Cada sociedade tem a sua história e esta é vivida à medida que muda. Aqui recordo as palavras de Hannah Arendt: “A história tem muitos fins e muitos começos, sendo cada um dos seus fins um novo começo”. E, pela primeira vez na nossa Democracia, este acordo em que a esquerda parlamentar se compromete a viabilizar um Governo do Partido Socialista durante a legislatura, com estabilidade política e proporcionando mudança de políticas, no respeito pela maioria dos votos expressos pelos eleitores portugueses, sem dúvida, assinala um novo começo.