UM MINUTO DA SUA ATENÇÃO

Convém recorder que o mês de outubro foi o mais seco dos últimos vinte anos. E que este é o terceiro ano consecutivo de precipitação inferior ao normal. A situação é preocupante e exige a colaboração de todos. O armazenamento nas albufeiras atingiu valores mínimos. E já foi decidido parar duas centrais hidroelétricas da EDP e a produção de eletricidade está condicionada noutras. Para agravar a situação, continuamos com tempo seco e temperaturas elevadas Tudo está ligado. Depois da catástrofe dos incêndios, a seca. E, quando chover a sério, é muito provável que haja grandes inundações. Quanto menos floresta e mais detritos, menor será a infiltração de água no solo e maior a probabilidade de cheias.

Sobre os usos da água, dizem as estatísticas que 70% é para a agricultura, 20% para a indústria e 10% para o consumo doméstico. Se cada um de nós não cumprir a sua parte, corremos o risco de faltar água para o essencial. Em algumas localidades, a água já não chega às torneiras. O abastecimento é feito por camiões-cisterna. Por isso, não pode haver desperdícios em casa nem gastos supérfluos com regas. Cada litro de água poupado, pode ajudar muitas famílias. Cada litro de água desperdiçado vai agravar a situação. Para que todos tenham o direito à agua, é preciso que todos cumpram o dever de a consumir de forma responsável. É preciso combater o desperdício e todas as ineficiências e fazer uma gestão sustentável deste recurso tão necessário e escasso. 

Com as alterações climáticas, as catástrofes naturais tendem a ser mais frequentes e devastadoras, com períodos de seca prolongados alternando com períodos de chuvas torrenciais e inundações.  Por esse mundo fora, as secas e as cheias matam tantas ou mais pessoas que os conflitos armados. Há quem preveja que a disputa da água potável possa dar origem à terceira guerra mundial. A chamada “crise da água” – quer em relação à quantidade quer à qualidade – resulta dos usos (e abusos) e não apenas de razões naturais. Vai por isso agravar-se se a tendência depredadora não for invertida e se não se desenvolverem “sistemas de gestão hídrica eticamente corretos” como defende a ONU.  Caso contrário, nos países mais pobres de África e Ásia, milhões de pessoas vão ter mais dificuldade em conseguir alimentos e verificar-se-á um aumento de doenças como a malária e o tifo. Cerca de oito milhões de pessoas morrem anualmente de doenças ligadas ao consume de água insalubre (cólera, diarreia, febre tifoide). Metade são crianças com menos de cinco anos. 

Poupar água é também uma forma de preservar o ambiente. Somos todos responsáveis pelo futuro do planeta. Como dizia o chefe índio, “a terra não nos pertence, tomámo-la de empréstimo aos nossos filhos”.