Um lustro eficaz e ilustre
Desde Fevereiro de 2015 convivi com os meus camaradas na oposição militante e esperançosa, na frustração eleitoral, na impensável combinação, nos primeiros e bravios escolhos em águas internas e externas. Celebrei os primeiros cem dias e o primeiro ano do ASD, com um balanço, mais para mim que para o jornal. Escrevi regularmente sobre a teimosia dos antigos governantes em se agarrarem ao seu modelo, recomendei-lhes a reflexão necessária, registei a coragem da “guerra do financiamento dos colégios”, fiz várias vezes o elogio e o aviso sobre os tempos difíceis do SNS, barafustei contra a ameaça europeia de sanções por 0,2 pontos de desvio excessivo que o absurdo tornou obsoleta, temi os efeitos do referendo do Brexit, comentei a honrada demissão de João Soares, lembrei uma solução já por vários recomendada para a ADSE, exasperei-me com a chegada do terrorismo à França e Bélgica e até escrevi, com as mesmas dúvidas de hoje, sobre a então morte assistida. Trabalhei sempre, sob a condução amiga e exigente de Edite Estrela, para dotar o PS de um jornal digital onde a opinião fosse aberta, mesmo que aqui e ali dissonante, mas lúcida, forçando a reflexão e a crítica. Cheguei a ter ecos de desagrado de quem, nas fileiras internas, porventura se sentia ameaçado pela minha opinião publicada, o que funciona para o jornal como critério de garantia de qualidade. Foram escassos os resultados do meu esforço individual, certamente, mas não me arrependo nem o considero tempo perdido.
O que mais prazer me deu, tirando o gozo legítimo de ver a minha prosa digitalizada para acesso universal, foi o sentido de dever de quem, semana após semana, ajudava a fazer o ASD, de modo regular e quase anónimo. Edite Estrela foi a pessoa que garantiu o resultado. E também quero recordar o José Castelo-Branco que perdemos ao longo do percurso, camarada de lembrança grata e amigo de afável e cooperante convívio.
Com a passagem do Ação Socialista a digital, o PS deu um passo indispensável na sua modernização e na capacidade de tocar os menos idosos, por muito históricos que hoje sejamos. O facto de o jornal ser diário e sair a hora certa, ao fim da tarde, permitia-lhe ter a atualidade possível e dispensar a função de câmara de eco, sem perder a de fonte de opinião autorizada. Claro que hoje o jornal está mais atraente, mais substancial e mantém o atributo da atualidade. Pode certamente melhorar, mas a reforma de 2015 foi decisiva. Parabéns a todos os que preparam, escrevem e difundem o Ação Socialista Digital, por estes cinco anos promissores, este lustro eficaz e ilustre.