Numa declaração realizada ontem à noite, a partir da sede nacional do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos reiterou o seu compromisso com a ética e a transparência, afirmando que “as denúncias são anónimas, mas a verdade é publica”.
“Quando, há dois anos, as notícias vieram a público na última campanha, respondi ao Correia da Manhã, ao Observador e à Sábado, emiti direitos de resposta, e não escondi nenhuma conta, quer contas próprias quer em conjunto, apresentei cálculos de IMI, até as contas do meu filho e o seu saldo foram expostas. As nossas vidas foram escrutinadas à virgula”, recordou, garantindo não recear ser novamente sujeito a escrutínio.
Enfatizando ter sido “sempre transparente”, o líder socialista e candidato a primeiro-ministro adiantou aos jornalistas que, “esta quinta-feira, toda a informação estará disponível no site de campanha do Partido Socialista”.
“As denúncias são anónimas, mas a verdade é pública”, declarou, para de seguida informar que estaria, já hoje, “disponível para ser ouvido pelo Ministério Público”.
“Quem não deve não teme e quem não teme não foge”, resumiu.
Não há equivalência com os casos de Montenegro
Nesta ordem de ideias, divulgou os pormenores sobre as vendas e compras das suas casas “para que não pareça que há uma equivalência” com o caso de Luís Montenegro, da sua empresa familiar Spinumviva e da construção da casa de Espinho, sobre as quais pairam dúvidas.
Após contextualizar que os seus pais, ao longo da sua vida e da sua irmã, sempre os ajudaram, “como todos os pais que podem ajudam os seus filhos”, Pedro Nuno Santos detalhou valores.
“A casa em Telheiras, que comprei com a minha mulher em final de 2018, custou 740 mil euros e foi paga com um sinal de 92 mil e 500 euros de duas contas minhas e 647 mil e 500 euros de uma conta conjunta, sendo que estes são compostos por 450 mil euros de um crédito à habitação que contraí e 197 mil e 500 euros da conta da minha mulher”, disse, explicando que este crédito foi abatido com o dinheiro que realizou na venda da casa que tinha na Praça das Flores.
Quanto à casa de Montemor-o-Novo, precisou “foi comprada em 2022 por 570 mil euros”.
“Foi pago um sinal de 57 mil euros de uma conta da minha mulher, os restantes 513 mil euros foram pagos da seguinte forma: 5 mil de uma conta da minha mulher, 508 mil de uma conta conjunta. Sendo que destes 508 mil, 456 mil são resultado de um empréstimo que ainda hoje estamos a pagar”, pontualizou.
Escrutínio e autoridade
Dito isto, fez notar que estes casos, agora reeditados, resultam de notícias que vieram a público durante a última campanha para as legislativas, lembrando que, na altura, as suas declarações e as da sua mulher ao Tribunal Constitucional “foram escrutinadas à vírgula”.
“Tenho toda a documentação relevante para disponibilizar aos jornalistas”, insistiu, assegurando que não simularia a entrega dos documentos “como fez Luís Montenegro, para depois fazer o contrário”.
O líder do PS disse ainda sentir-se “com a autoridade para exigir” que o primeiro-ministro “aproveite também este momento para responder ao que ainda não respondeu sobre a empresa e a casa”.
“Nenhum de nós está livre de ter uma denúncia anónima sobre uma qualquer compra que fez”, sustentou, sublinhando a importância de serem feitas perguntas e de “estarmos disponíveis para dar todos os esclarecimentos”.
“O que não pode ficar é qualquer sombra de dúvida”, rematou.