Transformar valores na vida quotidiana de cada português
“Têm uma enorme responsabilidade, porque estão num partido com cultura de Governo, cujos valores unem as lideranças de Mário Soares até à última de António José Seguro”, apontou o Secretário-geral do PS, reiterando o pedido expresso aos congressistas para que se concentrem nas “questões relativas aos desafios do futuro”.
“Tal como todos aqueles que nos antecederam, temos também a responsabilidade de fazer com que o PS seja um partido do nosso tempo, pegando nos nossos valores para sermos capazes de encontrar respostas aos novos desafios”, afirmou o líder socialista.
Sublinhando que “o partido que Mário Soares legou não foi apenas uma força política de valores”, António Costa enfatizou que o PS “nunca se esgotou na retórica, nem se conformou em que os valores sejam uma mera utopia para amanhãs que cantam”.
“O nosso partido sempre quis fazer, assumiu uma cultura de Governo, porque o desafio que temos é transformar os valores na vida quotidiana do país para que cada português possa viver melhor”, afirmou, categórico, evidenciando simultaneamente que o PS tem também “uma cultura de diálogo social e com os poderes regionais e locais”.
Reivindicou depois o “fim do absurdo conceito de arco da governação”, lembrando que foi possível formar um executivo apoiado no Parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e PEV.
“Mudámos definitivamente nesta legislatura a paisagem política do país”, pontualizou o Secretário-geral.
Socialistas fazem mais e melhor na economia e nas finanças
Mas, defendeu, não foi esse o único mito derrubado pelo PS: “Os resultados governativos dos últimos dois anos e meio provaram que o Partido teve razão, acabando com a ideia de que só a direita sabe gerir as finanças públicas”.
Na parte final do discurso de abertura do XII Congresso Nacional, o líder socialista centrou-se na problemática da redução da dívida soberana, criticando quem advogou uma renegociação unilateral junto dos credores internacionais, lembrando a propósito que o seu Executivo se recusou a enfrentar esta questão “com bravatas”, optando por uma “gestão rigorosa das finanças públicas”.
“Temos o menor défice orçamental desde o início da nossa democracia, começou-se a reduzir a dívida, o que permite baixar os juros, mobilizando dinheiro para onde ele deve ser investido, que é em melhor saúde, educação e melhores serviços públicos em Portugal”, apontou, afirmando que os socialistas podem e devem orgulhar-se por ter acabado, em dois anos e meio, com o mito de que em Portugal é a direita que sabe gerir a economia e as finanças.
Após uma prolongada salva de palmas, António Costa rematou: “É o PS o partido que melhor governa a economia e as finanças do país”.
Alargar a liberdade
E porque a reunião magna socialista é uma boa oportunidade para discutir os grandes desafios de médio e longo prazo, Costa não deixou passar a oportunidade para clarificar a posição do PS num dos temas de atualidade fraturantes.
Começando por lembrar que o Partido se fundou “na batalha pela liberdade”, o líder socialista lembrou algumas vitórias do PS neste terreno, referindo a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, a legalização do casamento e adoção por pessoas do mesmo sexo e, agora, a despenalização da morte medicamente assistida.
“Há novas oportunidades de alargar esse espaço de liberdade, respeitando a consciência de cada um, não impondo a ninguém qualquer comportamento, mas assegurando a todos que o queiram ter uma morte digna e poder recorrer à eutanásia, como defenderemos na Assembleia da República”, avançou, numa referência ao próximo debate e votação parlamentar na generalidade de quatro projetos de lei para despenalizar e regular a Eutanásia em Portugal, apresentados por PS, BE, PEV e PAN.