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TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA

TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA

Os países mais ricos não são os que mais trabalham. Os portugueses trabalham mais 486 horas por ano do que os alemães. Números recentes vêm confirmar que mais trabalho não significa mais produtividade.

Opinião de:

TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA

Ter tempo para ler, ouvir música, frequentar museus, ver um filme ou assistir a uma peça de teatro, passear ou correr, ir ao ginásio ou à piscina, tudo isso será tempo “roubado” ao trabalho? Ocupar-se de atos mais domésticos, como acompanhar as crianças ao jardim, preparar uma refeição especial, ajudar os filhos nas tarefas escolares ou, simplesmente, cultivar o convívio em meio familiar ou entre amigos, tudo isso será também tempo “roubado” ao trabalho?

Qual será então a realidade portuguesa em termos de ocupação laboral?

Entre os parceiros da União Europeia, os portugueses estão nos lugares cimeiros da lista de quem passa mais tempo no posto de trabalho. Apesar de a lei portuguesa prever as 40 horas semanais, a realidade é outra. A OCDE refere que 72% dos portugueses trabalham mais de 40 horas, o que faz de Portugal o terceiro país, a seguir ao Reino Unido e à Irlanda, onde se trabalha mais horas. Um desvio à lei que terá múltiplas explicações: problemas de gestão e organização (deficiente planeamento? indefinição de objetivos? ou dificuldade de calendarização?); recurso excessivo a horas extraordinárias em certas profissões; elevada competitividade e precariedade no mercado de trabalho que exigem que o/a trabalhador/-a se faça notar e  levam a uma permanência excessiva no local de trabalho, pois, como diz o ditado, “quem não é visto, não é lembrado”.

E será que o aumento do horário de trabalho se reflete num aumento da produtividade? 

Estudos mostram que não existe correspondência entre estas duas variáveis. No caso de Portugal e da Alemanha, o número de horas de trabalho semanais é superior no nosso país e o índice de produtividade é pouco mais de metade do alemão. Têm ainda maior produtividade os países com mais dias de férias e feriados.

Na verdade, o desempenho dos trabalhadores pode ser afetado pelo aumento da permanência no local de trabalho devido à dificuldade em conciliar vida profissional e familiar. Em  Portugal, a média gasta em brincadeiras com as crianças é de 15 horas por semana incluindo o sábado e o domingo, número que os especialistas consideram manifestamente insuficiente.

O PS propõe medidas que se enquadram no objetivo de promover a qualidade de vida e, simultaneamente, aumentar a produtividade e a qualidade de serviço. Assim, constam do Programa eleitoral do Partido Socialista propostas que contemplam a reposição dos feriados, o regime das 35 horas semanais para os trabalhadores em funções públicas, práticas de trabalho flexível, “designadamente, através da promoção do teletrabalho, do tempo parcial, e da autonomia para o trabalhador na gestão do seu horário semanal e mensal.” 

Dar PRIORIDADE ÀS PESSOAS significa também dar-lhes o usufruto do tempo!