“TONTERIAS” DA DIREITA
O primeiro-ministro, António Costa, disse, recentemente, que as famílias deixaram de viver com a corda na garganta. O líder parlamentar do PCP, Joao Oliveira, afirmou, na sexta-feira passada, em entrevista ao Jornal Económico, que o acordo com o Governo não precisa de ser renovado para haver mais medidas acertadas entre os comunistas e socialistas. O entendimento inicial foi um “fetiche”, uma imposição de Cavaco, sublinhou. Esta abertura do PCP à continuação da maioria de esquerda é extensiva ao Bloco, que nunca a excluiu, e ao PS. Os dados estão, assim, lançados. A nossa direita parece condenada, felizmente, a uma longa travessia do deserto. O país convive bem com a esquerda.
Costa já salientou que, mesmo com maioria absoluta, o PS deseja manter o entendimento com os partidos à sua esquerda. Em equipa que ganha não se mexe foi uma das justificações dadas pelo primeiro-ministro, usando uma linguagem desportiva, mas que é sempre de fácil perceção e, sobretudo, popular. Há outra razão para prolongar o acordo para além de 2019: o PSD está sem discurso e sem líder, porque o que tem é tao mau que equivale a não ter! Que perspetivas oferece? Que garantias dá? Nenhumas. Mesmo que haja alterações na sua liderança, o futuro do PSD parece-me continuar sombrio, uma vez que os candidatos que se perfilam são, todos eles, de baixa estatura politica. Não têm carisma, nem ”punch”, nem discurso. Duvido, seriamente, que tenham encontros marcados com a História. E são mesmo os próprios militantes e comentadores do partido a reconhecer a sua fraqueza, em termos até bastante contundentes.
Marques Mendes considerou uma “tonteria” a afirmação de Passos Coelho de que vinha aí o diabo. O líder do PSD foi de tal modo ridicularizado e gozado com esta sua previsão, que deve ter ficado sem vontade de se meter noutra igual ou parecida. Ou será que não tem emenda? Mas o mais grave é que, no PSD, as “tonterias” não se registam só em Passos. Quando Marques Mendes disse que a história da ida de Mário Centeno para o Eurogrupo foi uma mentira do 1 de abril, a “tonteria”, quanto a mim, ainda é maior! Meus senhores: o disparate é livre, mas, por favor, não abusem. Como é possível que um comentador político, que se preze, faça uma afirmação como esta de Marques Mendes? A culpa não é dele, mas de quem lhe dá a tribuna. O que lhe acontece é desacreditar-se. Foi o mesmo que se passou com alguns jornais, não com todos, felizmente. Deram notícias falsas só para vender e, depois, desacreditaram-se, baixando as tiragens. Funcionou ao contrário. O tiro saiu-lhes pela culatra.