“Temos um programa de compromissos com contas feitas”
Na entrevista, o líder socialista afirmou que na política “há os pré-decididos e que olham para os candidatos e programas para decidirem o voto”. Por isso, considerou “fundamental” que o PS tivesse feito “um trabalho de casa com rigor” que resultou num “programa de compromissos com contas feitas”.
E isto porque, explicou, “não posso correr o risco de, daqui a um ano, me estarem a acusar de não ter cumprido. Não há voto que eu ganhe hoje que compense ter dado o dito pelo não dito”.
Questionado sobre um dos temas que tem marcado a pré-campanha eleitoral, a sustentabilidade da Segurança Social, António Costa disse que “a aposta que fazemos é diversificar fontes de financiamento”.
“O Governo tinha previsto reduzir o IRC para todas as empresas. O que dizemos é que, em vez de continuar a baixar o IRC, os 2% a reduzir devem passar também a financiar a Segurança Social. E em contrapartida, a contribuição das entidades patronais com base na massa salarial pode ter outro peso”, disse.
O líder do PS adiantou que “isto leva a que as empresas financeiras como a banca, seguradoras, as PT e as EDP comparticipem mais a Segurança Social e as empresas de mão de obra intensiva, têxtil, calçado, pequeno comércio, contribuam menos. E as empresas que abusam da precariedade vão pagar mais”.
Temos de aumentar o rendimento das famílias
Quanto às medidas para cumprir o compromisso da criação de emprego como a prioridade de um futuro Governo socialista, António Costa defendeu que, do lado da procura, “temos de aumentar o rendimento disponível das famílias, permitir-lhes respirar e ter uma participação ativa na economia”, enquanto do lado das empresas, “temos de contribuir para o desendividamento, com um instrumento que converta dívida em capital. E temos de criar condições para as PME poderem ser viabilizadas com meios dos próprios sócios”.
O Secretário-geral do PS disse que devem ser os parceiros sociais a fixar o montante do salário mínimo nacional, mas defendeu que “é necessário haver um acordo” que permita que, em janeiro, “haja já uma nova subida”.
Sobre a dívida externa do país, António Costa lembrou que “o PS nunca propôs a renegociação da dívida. Houve pessoas do PS que o defenderam”, acrescentando, no entanto, estar convicto de que “mais tarde ou mais cedo, a UE vai ter de ter outro olhar sobre a dívida. Nessa altura devemos estar preparados para participar nesse debate”.
O líder do PS defendeu ainda, na entrevista, que na Justiça é preciso “ganhar os profissionais da Justiça para essas reformas, dar garantias de separação de poderes e autonomia à investigação criminal. E depois colocar os tribunais cíveis e de execução a funcionar com celeridade”.
Já quanto à Saúde, reafirmou que o PS tem como compromisso “criar 100 novas Unidades de Saúde Familiar e o desenvolvimento dos cuidados continuados, não só com a criação de unidades, mas procurando que esses serviços sejam assegurados no próprio domicílio do idoso”.