Socialistas vão avançar com lista paritária nas eleições europeias
António Costa falava perante mais de 200 mulheres em Caminha, horas antes da sua intervenção no comício agendado na festa da rentrée socialista que este ano teve lugar no passado dia 25 de agosto no Alto Minho, onde o Secretário-geral voltou também a reafirmar que a “família não é um assunto só da mulher”.
Para o Secretário-geral é dever dos socialistas “ir na frente daquilo que a própria lei vai tornar obrigatório”, manifestando-se convicto de que o PS venha a aprovar em breve a sua proposta de uma lista paritária nas eleições para o Parlamento Europeu, uma iniciativa que António Costa fez questão de recordar ter dado “os primeiros passos” no tempo do anterior primeiro-ministro, António Guterres.
Segundo o líder socialista “chegou o tempo de acabar com essa barreira onde as quotas não são obrigatórias”, reafirmando a sua tese de que “devem ser obrigatórias em todas as listas”, quer para o Parlamento Europeu, mas também para a “alternância de género nos primeiros lugares das listas à Assembleia da República” ou ainda para as autarquias locais.
Palavras que foram bem acolhidas pelas mais de duas centenas de mulheres socialistas presentes neste almoço que ouviram ainda o líder socialista afirmar que não basta lutar pela “igualdade formal”, tal como define a Constituição da República Portuguesa e o Código Civil, sendo necessário prosseguir esta batalha com convicção tal como começou por ser em finais do século XIX, continuada no século XX, assumindo hoje para António Costa, no século XXI, um caráter de absoluta importância.
O líder socialista considerou ainda ser “absolutamente intolerável” que nos dias de hoje ainda haja uma desigualdade salarial tão significativa entre homens e mulheres, lembrando que essa desigualdade, por exemplo, atinge os 26% em cargos de chefia, prova clara, como acrescentou, que o “combate que temos que fazer é profundamente cultural”, requerendo alterações das mentalidades de quem é “dirigente político e também empresarial”.
António Costa referiu ainda a importância da “conciliação entre a vida pessoal e profissional”, algo que em sua opinião não respeita só ao género feminino, lembrando que o homem tem igualmente “algo a dizer na questão da vida familiar”, salientando, todavia, que a vida pessoal de homens e de mulheres não se “esgota no trabalho e na família”, indo “muito além disso”, porque assenta também, como aludiu, na “liberdade que cada um tem que ter de poder fazer aquilo que quiser”.