Só uma UE forte e unida será capaz de enfrentar com êxito os desafios desta crise
O primeiro-ministro avisou ontem os parceiros europeus, numa mensagem vídeo enviada aos participantes da cimeira da OIT, que o combate à pandemia só terá êxito com uma “resposta global”, reforçando a ideia de que não se trata de uma questão de mais ou menos solidariedade, mas sobretudo de racionalidade, lembrando que “todos vivemos e dependemos do mercado interno”, desde os “mais aos menos atingidos”.
Nesta mensagem, o primeiro-ministro reforçou a tese da importância de se ter uma União Europeia forte e capaz de percorrer o caminho de combate à pandemia em conjunto, mostrando-se convicto de que esta é uma batalha e um desígnio que não é possível serem travados isoladamente “nesta economia global”, sustentando que este não é o tempo nem o momento adequado para se estar a “romper com as organizações multinacionais”, mas sim a altura certa para “reforçar as suas capacidades de coordenação e de resposta à questões económicas”.
Para António Costa, o exemplo a seguir é o que nos é dado pela Comissão Europeia, que através do programa de recuperação económica permitirá legar às futuras gerações uma “Europa reconstruída e recuperada”, abrindo todas as possibilidades a que este seja de novo um espaço e o centro dinamizador de uma “economia global”.
Segundo o primeiro-ministro, é esta riqueza e este espírito de união que deverão levar a que todos possam trabalhar em conjunto para encontrar as melhores e mais justas soluções, tendo sempre presente, como defendeu, que o nosso futuro coletivo só criará raízes com “maior igualdade laboral e com mais direitos” e uma “proteção social robusta e mais alargada com um olhar distinto para as potencialidades dos diferentes países”.
Papel decisivo do Estado social
Concordando tratar-se de uma crise com “contornos inéditos”, António Costa fez questão de salientar, nesta sua missiva, o caminho feito por Portugal na resposta à pandemia, enaltecendo o que considerou estar a ser o mérito determinante do Estado social, dando como exemplo o papel assumido pelo SNS, que se tem “mostrado robusto” e à altura de todas as solicitações, lembrando que é graças ao Estado social que o país tem hoje uma Segurança Social “ sustentável e capaz de responder prontamente a todas as necessidades de proteção do emprego”, do rendimento das famílias e dos trabalhadores.
Mas é também por haver um Estado social ativo e forte, sublinhou, que há uma escola pública que, mesmo que “impedida temporariamente” de trabalhar em pleno, foi capaz de se “reinventar em novas formas de trabalho à distância, sem nunca largar os seus alunos”,
António Costa terminou a sua mensagem aludindo ao facto de Portugal, apesar da crise, nunca ter deixado em cada momento de “apoiar os trabalhadores e as empresas”, designadamente com o recurso ao ‘lay-off’ simplificado, aos apoios extraordinários às famílias e à prorrogação automática das prestações de desemprego, reconhecendo que estas são medidas tipicamente adotadas aos “tempos difíceis e de exceção em que vivemos” e que esta é uma crise que tem “consequências assimétricas”.