Só quem tem pressa em pôr fim à legislatura pode querer tudo já
O Secretário-geral socialista, António Costa, dedicou hoje grande parte da sua intervenção no encerramento das Jornadas Parlamentares às propostas do Governo para o orçamento, com vários recados dirigidos aos partidos com assento parlamentar, sobretudo aqueles com quem o PS está a negociar a viabilização do OE2020, adaptando uma citação do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, de que “há mais vida para além deste orçamento”.
Para António Costa, é preciso que os mais ansiosos se acalmem porque este não é nem o “último, nem o antepenúltimo orçamento da legislatura”, mas apenas o primeiro, atribuindo a insistência manifestada por alguns, para que tudo se resolva num abrir e fechar de olhos, “aos que têm pressa de precipitar o fim da legislatura”, referindo que não faz qualquer sentido que se exija ao Governo que faça tudo aquilo com que se comprometeu a realizar ao longo de quatro anos, “logo no primeiro orçamento”.
A este propósito, o líder socialista e primeiro-ministro lembrou que o êxito da anterior legislatura ancorou, em grande medida, no facto de os partidos que formavam a aliança de apoio parlamentar ao Governo terem sabido, “em cada ano, dar os passos que era possível dar”. Tendo sido esta coerência política, como salientou, que permitiu que o Executivo fosse “desmentindo as previsões mais catastróficas ou pessimistas da Comissão Europeia, da UTAO ou do Conselho das Finanças Públicas”, e até do ‘diabo’ agitado pelo ex-primeiro-ministro Passos Coelho, garantindo que também nesta legislatura há espaço para continuar a haver um “caminho para andar”.
Segundo o líder socialista, os bons resultados que foram alcançados nos últimos quatro anos, quer do ponto de vista económico, quer financeiro, quer social, e que têm todas as hipóteses de se reforçarem nesta legislatura, como deixou antever, ficaram a dever-se em grande medida ao facto de “termos feito bem as contas das propostas que apresentámos aos portugueses, sendo sempre conservadores nas previsões”, desenganando os mais agitados que pelo facto de ter mudado o quadro político “não vamos agora ter a irresponsabilidade orçamental que soubemos não ter na legislatura anterior”.
O chefe do Governo fez ainda questão de afirmar que este Orçamento do Estado, como qualquer outro, em nenhum caso pode ser uma “soma de bandeiras eleitorais”, ou uma “espécie de outdoor” onde se “fixam as promessas que se vão fazendo aos eleitores”, reafirmando que um orçamento “não é um fim em si próprio, mas um instrumento ao serviço de uma política”.