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Sinais de pânico

Sinais de pânico

A coligação de direita reagiu de forma desbragada, revelando sinais de pânico, à apresentação do relatório macroeconómico preparado por doze economistas, a pedido do PS.

Opinião de:

Sinais de pânico

Num primeiro momento, mal tinha terminado a exposição das linhas mestras do documento, já deputados e ministros do PSD e do CDS-PP faziam fila à frente de câmaras de televisão. Sem a menor leitura da centena de páginas do relatório, nem pinga de pudor, desfiaram uma ladainha desprovida da substância, construída por frases feitas, bem ao estilo da pobreza para que resvalou, nos últimos anos, o debate político.

Num segundo momento, contrariando os seus próprios calendários, apressaram o anúncio da coligação. Nas últimas semanas assistíamos a uma guerra surda para o acerto da proporção de cada um dos dois partidos nas listas de deputados. Em finais de Março, a direcção dos “sociais-democratas” reuniu num hotel com empresários para lhes transmitir que “o PSD sozinho podia ganhar as legislativas”. Em meados de Abril, Passos Coelho dizia não saber “se fazemos coligação com o CDS antes ou depois das eleições”. De repente, Passos Coelho atirou a toalha ao chão e cedeu ao partido de Paulo Portas a proporção que este exigia nas listas. E assim nasceu prematuramente a coligação de direita, por ironia, dia 25 de Abril.

Num terceiro momento, o PSD escreveu uma carta ao PS, onde, para além de uma trintena de perguntas retóricas, pede aos socialistas que submetam o documento a escrutínio da Unidade Técnica da Apoio Orçamental do Parlamento. Não está só em causa o facto de não caber nas funções daquele organismo “apreciar” as propostas (e a sua sustentação económica e financeira) dos partidos políticos. Mais relevante do que isso é o que esta atitude revela bem a incapacidade da coligação de direita sair da mediocridade da ladainha de que não há alternativa ao empobrecimento a que tem conduzido os portugueses e Portugal.

O documento apresentado pelo PS, desde logo, teve o mérito de descongelar o debate político. Os outros méritos do documento ficam para outra ocasião.