No primeiro debate televisivo para as Legislativas, na SIC, com a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, o líder socialista pediu que não se dispersem votos, porque “sem Governo do PS não há política de esquerda”.
“Quero pedir ao povo português e aos eleitores que votam à esquerda para não dispersarem votos, porque nós hoje podíamos ter um Governo do PS e não ter a AD a governar se não tivesse havido a dispersão de votos que tivemos há um ano”, apontou, recordando que o Partido Socialista perdeu por cerca de 50 mil votos e que o BE teve nessas eleições cerca de 280 mil votos.
Em matéria económica, o Secretário-Geral do PS afiançou que os socialistas estão apostados na aplicação de políticas públicas que ajudem as famílias, os trabalhadores e os pensionistas, contrapondo que “a AD quer apenas canalizar (os recursos financeiros) para as empresas”.
Criticando fortemente a inação do executivo de Luís Montenegro face à guerra comercial iniciada pela administração de Donald Trump, num quadro de possível recessão internacional, o líder do PS apontou a necessidade de avançar com um plano para diversificar as exportações portuguesas.
“Precisamos de uma estratégia para diferenciar as nossas exportações , de olhar para outros países”, pontualizou.
Resposta à crise da Habitação
Já a propósito do principal problema nacional – a Habitação –, Pedro Nuno Santos criticou as medidas “aparentemente bondosas” do atual Governo, como a isenção do IMT e do imposto de selo para os jovens na compra de casa, por não terem sido acompanhadas pelo aumento do lado oferta.
“O que conseguiram com isso foi acelerar os preços”, censurou, reiterando que os socialistas não estão focados em reverter medidas, mas em “garantir que aumenta a construção em Portugal”.
Neste ponto, aproveitou para defender a medida do programa socialista que prevê a utilização de parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos para financiar construção pelas autarquias.
E avisou que a proposta do BE sobre o teto das rendas pode “trazer problemas mais graves”, salientando que os bloquistas não têm uma solução para aumentar o parque habitacional.
Depois, lembrou que foi durante a anterior governação do PS que foi lançado, há cinco anos, “o maior programa de habitação pública”, que “está agora a produzir resultados” com as casas entregues pelo Governo de Montenegro.
Insistindo em que “é possível construir mais e mais rápido, Pedro Nuno Santos reiterou que as propostas do Bloco não resolvem o problema, porque “é preciso aumentar a oferta de casas para arrendar ou vender também à classe média”.
Por outro lado, ressalvou que num período transitório a mais construção, “será preciso apostar no apoio ao arrendamento e arrendamento jovem”.
Imigração regulada e reforço da defesa europeia sem afetar Estado social
No espaço do debate dedicado à questão da imigração, o líder do PS deplorou que o executivo fizesse, ontem, “mais uma ação de propaganda despudorada” com o objetivo de atacar a anterior governação socialista, numa matéria onde, assinalou, é possível “construir consensos”.
“Muitas das linhas do plano de ação deste Governo são de continuidade com aquilo que o Governo anterior vinha fazendo”, explicou, reiterando que o PS pugna por “uma imigração regulada, que defenda não só quem cá está, mas também quem vier”.
Questionado sobre a crise de segurança internacional, Pedro Nuno Santos deixou claro que um executivo liderado pelo PS não se colocará à margem do esforço europeu em matéria de reforço do investimento em defesa, mas irá “fazer tudo para que esse aumento de investimento seja progressivo e possa haver uma assunção de responsabilidades a nível europeu, sem afetar a despesa social no Sistema Nacional de Saúde, no sistema público de pensões ou na escola pública”.
“Para um Governo do Partido Socialista é impensável que um maior investimento em defesa ponha em causa o nosso Estado social”, declarou, evidenciando a necessidade de uma autonomia defensiva da UE com investimentos no setor, através da mutualização de dívida da União, “que também podemos e devemos aproveitar para modernizar e industrializar a economia portuguesa”.