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Saibamos quem são os nossos inimigos

Saibamos quem são os nossos inimigos

Uma Europa que recebe, numa situação de emergência, um povo que foge da morte certa, fica mais ou menos propenso a que sobre ele recaia o ódio dos seus vizinhos?

Opinião de:

Saibamos quem são os nossos inimigos

O que mais prejudica a narrativa do radical que dedicadamente nos visa como inimigo? Que perante a urgência fechemos as portas, entremos em generalizações e nos escondamos atrás de muros ou que no momento de sofrimento supremo consigamos ver além da cor, da religião, da ignorância, recebendo o ser humano em desespero? Qual das nossas respostas dará ou retirará apoio ao extremista entre aqueles que procura subjugar?

Notem que os que hoje escapam pela vida, fogem do mesmo exato inimigo que nos ataca!

Sim, alguns dos maus podem vir disfarçados. Não podemos ter a ingenuidade de não apostar no escrutínio, na vigilância. E sim, apesar do controlo, um dia algum desses infiltrados pode até vir a fazer-nos mal. Mas qual é a alternativa? Lembrem-se de quem tem praticado o terrorismo. São refugiados? São ilegais? E lembrem-se também de quem são as vítimas cá e lá. Têm escolhido credo e cor? 

Esta situação é complicada, não se resolverá rapidamente, irá até piorar antes de melhorar mas não vai embora com arame farpado, nem se resolve lançando umas bombas de avião em fogachos descoordenados. Não há volta a dar: quando o nosso vizinho tem um problema de vida ou de morte, nós temos um problema. Fingir que não existe não é opção.

Em parte gerámos o problema, em parte teremos de arcar com ele e arranjar forma de o resolver cá e nos territórios de origem. Sem arrogância, com inteligência, perseverança, solidariedade e unidade. 

Chegados aqui como vamos reagir? Somos assim tão diferentes das famílias que fogem de um país destroçado? Quem é que decidiu o sítio, a história e a família em que nasceu? E quem tem por certo que não será ele próprio um dia refugiado? Às vezes basta um capricho da natureza, outras, um ato mal medido de quem lidera. A verdade é que todos somos vulneráveis. Todos.

Contra o terror só há uma hipótese que passa pela união, tenacidade e resistência das suas vítimas. Tanto quanto consigo ver será transformando esse medo que partilhamos com os refugiados e a vontade de o combater, será aliando-nos a eles que teremos uma verdadeira hipótese de eliminar, a prazo, as sementes do terror. No fundo, com amor e uma espada. Temos aqui uma ameaça ou uma enorme oportunidade? O fundamental é que saibamos reconhecer quem são os nossos verdadeiros inimigos.