Rutura nas negociações será responsabilidade da coligação
O presidente do PS preveniu o líder do PSD de que, se concretizar a ameaça de não continuar com as negociações com o Partido Socialista, terá de assumir as suas responsabilidades dessa atitude perante os portugueses, lembrando ao ainda primeiro-ministro que o PS não pode ser tratado como partido “amanuense” do PSD, “como se fosse o CDS”.
Falando aos jornalistas, após o líder do PSD ter afirmado que não faria mais reuniões com o PS, caso se repetisse, em sua opinião, o caráter inconclusivo dos anteriores encontros, Carlos César sugeriu a Passos Coelho que, em vez de andar a ameaçar o PS e os portugueses, seria mais adequado e apropriado que, em primeiro lugar, respondesse de forma célere às questões que lhe foram colocadas pelo PS, designadamente “em termos de atualização do cenário orçamental”.
Para Carlos César, se o cenário de rutura se vier a verificar, o que só acontecerá, como deixou claro, por uma opção assumida pela coligação de direita, e não havendo condições em termos de apoio para que o partido mais votado nas últimas eleições forme Governo, o PS, garantiu Carlos César, e tal como anunciou desde o início, continuará as suas diligências com boa-fé para que haja uma “alternativa de Governo que mude o rumo do país e que respeite a condição de ter um apoio parlamentar estável”.
Carlos César fez duras críticas a Passos Coelho sobre a conduta “beligerante” que tem assumido desde que se iniciaram as conversações com o Partido Socialista, lembrando que, logo na noite das eleições, “revelou uma grande incompreensão” perante a mudança do cenário político, aconselhando-o a abandonar a postura de “grande arrogância” que manifestou na “última reunião connosco”, porque agora é “obrigado a dialogar com o PS”.
A este propósito lembrou a estranheza com que a delegação socialista encarou a “arrogância” de Passos Coelho na última reunião, tendo mesmo tido alguma dificuldade em entender a posição “pouco humilde” do líder do PSD na procura de consensos.
Carlos César não deixou contudo de considerar que a continuação das negociações depende de Passos Coelho aceitar responder às questões já colocadas pelo PS sobre matérias essenciais, como as relacionadas com a atualização do cenário macroeconómico e financeiro, e “à carta que lhe será enviada pelo líder socialista, António Costa”, salientando que, caso a coligação não satisfaça estas duas pretensões socialistas, “então sim, haverá mesmo uma rutura”, que o PS “não teme” porque a sua obrigação é “contribuir para a procura de um Governo estável que não prolongue esta austeridade excessiva”.
Rutura que poderá mesmo acontecer, advogou Carlos César, caso as recentes declarações da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, se concretizarem, quando afirmou “não pretender responder às perguntas que o PS lhe colocou”.
A mentira como arma política
Que a coligação de direita chegou ao poder em 2011 com falsas promessas, muitas mentiras e dissimulações, é da história. Continuar a usar a mesma arma em 2015, como modus operandi para a sua sobrevivência política, com as enormes dificuldades que o país enfrenta, começa já a assumir contornos difíceis de compreender.
Vem isto a propósito do desafio que a dirigente do PS, Ana Catarina Mendes, fez à coligação de direita para que divulgue publicamente o conjunto de dados solicitados à ministra das Finanças, lembrando que essa informação não tem um caráter confidencial, porque “decorre do programa eleitoral da coligação PSD/CDS”.
Se a coligação, como assegurou o seu porta-voz, já enviou todas as informações sobre os dados orçamentais solicitados pelo PS, reagiu Ana Catarina Mendes, “então que os divulgue”, para que os portugueses os possam também conhecer.