Revolução nos transportes começa hoje e vai estender-se a todo o país
O novo tarifário dos passes sociais entrou esta segunda-feira em vigor, nesta primeira fase apenas nas duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e até 15 de maio em todas as Comunidades Intermunicipais do país.
Uma iniciativa que o primeiro-ministro classificou, em conversa com os jornalistas esta manhã na Ericeira, como sendo de “grande alcance” para a economia das famílias, mas também com reflexos na economia do país, refutando as críticas de eleitoralismo vindas da oposição de direita e reafirmando que o “país não pode parar” só porque vai haver este ano três eleições.
António Costa, acompanhado pelos ministros do Ambiente e das Infraestruturas, respetivamente João Pedro Matos Fernandes e Pedro Nuno Santos, e pelos autarcas de Lisboa, Fernando Medina, e de Mafra, Hélder Silva, e mais tarde pela autarca de Almada, Inês Medeiros, e de Loures, Bernardino Soares, começou esta viagem por volta das 7h30, na Ericeira, até ao Campo Grande, em Lisboa, tendo aí apanhado o metropolitano até à estação de Entrecampos, seguindo depois a comitiva num comboio da Fertagus até à cidade de Setúbal.
António Costa salientou que esta “foi uma semente lançada há já muito tempo”, em março do ano passado numa cimeira entre o Governo e as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, referindo que só encontra justificação para o grande alarido que a oposição de direita tem dedicado agora a “esta mudança de paradigma” pelo facto de “ter andado distraída”.
O líder do Executivo lembrou ainda que a direita, ao ter votado contra esta iniciativa aquando da discussão do OE, não pode, agora “que perceberam que a medida é boa”, vir dizer que é eleitoralista, fazendo questão de distinguir as críticas que tem ouvido dos partidos da direita da posição dos autarcas, sendo que da parte destes, como garantiu, “não tenho escutado muitas críticas”, porque sabem que esta é uma iniciativa que “vai chegar a todo o país”.
Para o primeiro-ministro, não faz qualquer sentido parar o país só porque este ano de 2019 vai haver três eleições, para o Parlamento Europeu, no dia 26 de maio, Legislativas Regionais na Madeira, a 22 de setembro, e Legislativas para a Assembleia da República, a 6 de outubro, porque se tal acontecesse, como defendeu, “o país não fazia mais nada este ano”.
Depois de recordar o que considerou terem sido as “complexas negociações com os 19 operadores” para que se pudesse ter chegado aos atuais valores do passe social único, o primeiro-ministro lembrou que houve “um segundo momento decisivo”, que passou pela “aprovação no último Orçamento do Estado da verba necessária para concretizar esta medida”, garantindo que este novo passe único, quer o das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, quer os que vão entrar em vigor em todas as comunidades intermunicipais, só foi possível materializar, antes de mais, graças ao resultado de um “notável trabalho entre autarcas e Governo”.
Um sonho concretizado
Com a entrada hoje em vigor do novo modelo do passe único, para além de permitir “uma redução muito significativa do custo tarifário”, concretiza-se um “sonho antigo”, como assinalou o primeiro-ministro, de permitir que os utentes com um único passe válido para toda a áreas metropolitana e para todos os operadores, seja de autocarro, comboio, metro, barco ou elétrico, tenham a “vantagem extraordinária” de cada um ter a “liberdade de escolher os seus trajetos” e o meio de transporte.
Quando à eventualidade de poder haver problemas na oferta de transportes como resultado do expectável aumento da procura, António Costa reconheceu que este é um cenário que tem obrigatoriamente que ser levado em conta, sobretudo, como referiu, “neste período de ajustamento”, garantindo, contudo, que o trabalho que está a ser feito vai responder em breve também a esta necessidade.